Bolsonaristas pressionam e XP cancela pesquisa com vantagem de Lula sobre Bolsonaro, diz colunista

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Lula segue na liderança com 47%, Bolsonaro tem 29% (Reprodução/@lulaoficial + @ricardostuckert/Instagram + Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A XP Investimentos decidiu cancelar a divulgação da pesquisa do Instituto Ipespe, após pressão de bolsonaristas. A informação é dea colunista da Folha de S. Paulo Monica Bergamo. O levantamento vinha sendo publicado semanalmente e mostrava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente de Jair Bolsonaro (PL). Na última, divulgada semana passada, o petista aparecia com 45% das intenções de voto, enquanto o atual presidente tinha 34%.

A pesquisa seria divulgada amanhã (10) e chegou a ser registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no último sábado (4), com o número BR-06295/2022. Já nessa quarta-feira (8), o registro foi retirado do site a pedido da própria corretora.

Honestidade de Lula foi o ápice

Segundo apuração da coluna de Monica Bergamo, a XP já vinha sofrendo pressão se forma exponencial e teve seu ápice na semana passada. O motivo foi que o instituto mostrou que 35% dos eleitores acreditavam que a honestidade é uma qualidade de Lula, contra 30% que responderam o mesmo sobre Bolsonaro.

A partir daí, bolsonaristas iniciaram ataques à corretora nas redes sociais. Um dos principais, veio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que debochou dos resultados em seu perfil no Telegram. “O mesmo instituto deu Lula com 45% e Bolsonaro com 34% kkkkk”, escreveu o filho do presidente. Já o deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) disse que “é o mesmo que dizer que o diabo é mais honesto que Jesus. Delírio total! Kkkkkkkk…”.

A coluna também revelou que ministros do atual presidente telefonaram para a XP para reclamar dos resultados, mesmo que esses coincidam com os de outros institutos, dentro da margem de erro. Além disso, clientes – principalmente os ligados ao agronegócio – começaram a fechar contas e retirar investimentos da corretora.

Transferência de contrato

Com a forte pressão, a XP decidiu transferir o contrato do Ipespe para outra empresa do grupo, a Infomoney. que registrou no TSE a pesquisa desta semana. Foi aí, segundo Mônica Bergamo, que a XP tomou a decisão mais radical, de simplesmente não divulgar os resultados. Desde janeiro de 2020 a Ipespe realiza a pesquisa de forma ininterrupta, e agora a série histórica pode ficar comprometida.

De forma a tentar amenizar a situação, a XP disse que a mudou a periodicidade da divulgação. Antes tinha passado de quinzenal para semanal em maio, e agora será mensal.

Procurada pela coluna, a XP informou, por meio de nota (leia abaixo na íntegra), que contrata outros institutos de pesquisa e que continuará divulgando dados. “A XP nega que a pesquisa será cancelada e ratifica que contrata diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores de decisões sobre investimentos”.

Repercussão

Após a notícia que a divulgação da pesquisa seria cancelada, as redes sociais foram tomadas de críticas sobre a medida adotada pela XP. O assunto “Libera a pesquisa XP” chegou a ficar entre os mais comentados.

Leandro Demori, ex-editor-executivo do site The Intercept Brasil, usou o Twitter para pedir para quem teve contato com a pesquisa que não saiu, falar com ele. O jornalista ainda alertou: “Não use seu computador ou email ou telefone de trabalho para isso”.

“Assim como as urnas não são fraudadas só porque não dão o resultado que vocês querem, as pesquisas não devem ser atacadas por também mostrarem um resultado indesejado. Pesquisa é ciência e merece ser livre!”, escreveu o perfil do Sleeping Giants Brasil.

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB) questionou “o que a pesquisa mostraria que deixou Bolsonaro em pânico?”. Ele continua e diz que, como a pesquisa é semanal, seria difícil que tivesse “algo bombástico”. “Minha hipótese: a campanha entrou em crise, com apoios que começam a vazar nos estados diante da chance de dar Lula no 1° turno”.

Nota da XP

“A XP nega que a pesquisa será cancelada e ratifica que contrata diversos tipos de pesquisas de diferentes institutos com o intuito de auxiliar seus clientes a tomarem as melhores de decisões sobre investimentos.
A realização das pesquisas terá periodicidade mensal, com número de entrevistas ampliado em relação às realizadas nos levantamentos anteriores, oferecendo dessa maneira uma ferramenta ainda mais ampla para que os investidores compreendam o cenário eleitoral e seus impactos no mercado. As próximas pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral já estarão adequadas ao novo formato.”

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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