Bolsonaro enaltece militante do PSL que filmou e desafiou professora: ‘Vou gravar todas suas aulas e expor na internet’

Reprodução/Tamires de Paula/Facebook

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), fez uma publicação, neste domingo (28), na sua conta oficial do Twitter enaltecendo uma militante do PSL que gravou vídeo criticando e desafiando uma professora. “Professor tem que ensinar e não doutrinar”, escreveu o mandatário.

A autora do vídeo é Tamires de Paula, de 23 anos, que se auto-define como “ativista politicamente incorreta”, co-fundadora do Direita Itapeva, secretária-geral do PSL em Itapeva, cidade do sudoeste de São Paulo com cerca de 90 mil habitantes. A militante afirma que estava em uma aula de gramática de um cursinho, mas não cita o nome da instituição.

O vídeo começa com a voz da professora afirmando que Olavo de Carvalho, guru do presidente Bolsonaro, é uma “anta”. É quando a aluna começa a intervir. “Por que ele é uma anta? A senhora não percebeu que pegou 25 minutos da sua aula para expor sua opinião político-partidária?”.

“Não estou pagando cursinho para ouvir sua opinião político-partidária, estou pagando cursinho para assistir aula de gramática. Estou falando com educação. A senhora chamou Olavo de Carvalho de bosta e eu que estou sendo mal educada?”, discute com a professora, que orienta que Tamires vá à direção da instituição.

“A senhora vai junto comigo. Eu vou se eu quiser. Todas as suas aulas vou gravar e expor na internet. Posso, posso. Estou pagando pela aula de gramática. Então vamos lá falar com coordenador”, desafia.

Militante

Secretária-geral do PSL na cidade de Itapeva, Tamires chegou a se candidatar a deputada estadual em São Paulo, pelo partido, para as eleições do ano passado. A jovem, no entanto, desistiu da disputa.

Divulgação/TSE

As redes sociais de Tamires são tomadas por publicações de apoio a Bolsonaro – inclusive com foto com um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro – e críticas a outros partidos, em especial o PT. “E aí suas petistas imundas. Por que vocês não me chamam de fascista diretamente? Marquem o meu nome, citem o meu nome. Quero ver vocês me chamarem de fascista na frente do juiz. São muito corajosas por trás, suas podres”, diz em um dos vídeos publicados.

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Não é a primeira vez que um político do PSL se envolve em episódio desse tipo. Além do próprio governo do Bolsonaro ter orientado que os professores fossem filmado, a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) incentivou que alunos “denunciassem” professores que fizerem “manifestações político-partidárias ou ideológicas que humilhem ou ofendam sua liberdade de crença e consciência”.

Entrevistado pelo Nexo à época, o professor Rafael Mafei Rabelo Queiroz, da faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), disse que os docentes têm o direito de livre manifestação em sala de aula assegurado pelo conceito de “liberdade de cátedra”, previsto na Constituição Federal. Leia mais aqui.

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