O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo, segundo dados da ONG Transgender Europe (TGEU). O país ocupa o primeiro lugar no ranking desde que a organização começou a contabilizar as mortes de pessoas trans pelo mundo, em 2008. A divulgação da pesquisa se dá em razão da proximidade do Dia Internacional da Memória Trans, no próximo sábado (20).
Segundo levantamento, 2021 é o ano mais mortal para pessoas trans e de gênero diverso desde que a ONG começou a coleta de dados. Entre 1º de outubro de 2020 e 30 de setembro de 2021, foram contabilizados 375 assassinatos. Isso representa um aumento de 7% em relação à atualização de 2020, que já teve 6% de aumento a partir da atualização de 2019.
O Brasil tem uma parcela grande de contribuição nesse número. Dos 375 assassinatos este ano, 125 foram no país, o que representa 33% do total de mortes mundiais. O Brasil é seguido pelo México, que registrou quase metade do número de assassinatos, 65, e pelos Estados Unidos, com 53 homicídios registrados.
Do total dos assassinados registrados, 70% aconteceram na América Central e do Sul. Ainda de acordo com o levantamento, 36% dos homicídios ocorreram na rua e 24% na própria residência. A idade média dos assassinados é 30 anos, sendo que a vítima mais nova tinha 13 anos e a mais velha 68 anos.
Recorte de gênero, cor e origem
Os dados indicam uma tendência preocupante no que diz respeito às interseções de misoginia, racismo, xenofobia e ódio contra as profissionais do sexo, com a maioria das vítimas sendo negras e mulheres trans migrantes de cor e profissionais do sexo trans. 96% dos assassinados em todo o mundo foram de mulheres trans ou pessoas transfeminadas e 58% das pessoas trans assassinadas cuja ocupação é conhecida eram profissionais do sexo
Na Europa, 43% das pessoas trans assassinadas eram migrantes. Já nos EUA, onde os números dobraram em relação ao ano passado, as pessoas de cor representam 89% das 53 pessoas trans assassinadas.
Os números são apenas um pequeno vislumbre da realidade. A maioria dos dados foi coletada de países com uma rede estabelecida de organizações trans e LGBTIQ que conduzem o monitoramento. Na maioria dos países, os dados não são coletados sistematicamente. Casos da Grécia, Cazaquistão e Malaui foram relatados pela primeira vez este ano.
Segundo a Transgender Europe, a maioria dos casos continua sem notificação e, quando relatados, recebe muito pouca atenção.
Veja lista
Confira os dados de todos os países coletados, divididos por regiões do mundo.
América Central e do Sul
Brasil | 125 |
México* | 65 |
Honduras | 53 |
Colômbia | 25 |
Argentina | 14 |
Equador | 8 |
Chile | 3 |
El Salvador | 3 |
Peru | 3 |
Venezuela | 3 |
Bolívia | 2 |
Costa Rica | 2 |
Guatemala | 2 |
Haiti | 1 |
Nicarágua | 1 |
Porto Rico | 1 |
Ásia
Filipinas | 17 |
Paquistão | 11 |
Índia | 10 |
Myanmar | 5 |
Turquia | 4 |
Cazaquistão | 1 |
Rússia | 1 |
Azerbaijão | 1 |
Europa
França | 3 |
Itália | 2 |
Grécia | 1 |
Portugal | 1 |
Espanha | 1 |
América do Norte
Estados Unidos | 53 |
África
Malaui | 1 |