Cada preso custa cerca de R$ 1,8 mil por mês no país; Minas está acima da média nacional

preso
Não foram obtidas informações dos estados do Acre, Roraima, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Santa Catarina (FOTO ILUSTRATIVA: Envato)

Um preso custa em torno de R$ 1,8 mil por mês aos cofres dos estados. É o que revela um estudo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgado hoje (30). Minas Gerais é o oitavo estado que mais gasta com presidiários, dos 22 analisados.

O valor de R$ 1,8 mil é uma média ponderada levando em conta a população carcerária de todos os estados. Sem esse cálculo, o custo mensal é em torno de R$ 2,1 mil por pessoa presa, com variações em gastos de até 340% entre unidades da federação. Enquanto em Pernambuco (22º) o custo é de R$ 955 por preso por mês, no Tocantins (1º) esse número chega a R$ 4,2 mil.

Custo mensal do preso em cada estado (Reprodução/CNJ)

No caso do Tocantins, os valores informados diz respeito a apenas dois estabelecimentos prisionais, ambos geridos com participação da iniciativa privada. “Tudo indica que este é o motivo pelo qual o valor apresentado por Tocantins é consideravelmente superior aos informados pelas demais Unidades da Federação. Esta informação, cabe destacar, contradiz a expectativa corrente de que uma redução nos gastos com o sistema prisional seria possível a partir da participação da iniciativa privada no setor”, dizem os autores.

Há diferença entre os custos observados nas unidades geridas com parcerias privadas e os custos das demais unidades públicas. Essa discrepância pode ser observada em Minas Gerais. O gasto mensal por preso da única Parceria Público Privada (PPP) 10, em Ribeirão das Neves (MG), gira em torno de R$ 3.916, ao passo que o valor médio em Minas Gerais é de R$ 2.385, 40% menor.

O mesmo acontece em Sergipe. “Ao passo que nos estabelecimentos geridos em regime de cogestão o custo mensal do preso gira em torno de R$ 4.777, nos estabelecimentos públicos esse valor é, em média, 60% menor: por volta de R$ 1.859”, observam os autores.

Tipo de gastos

Um dos pontos mais importantes do relatório é a discriminação dos custos por tipo de gasto. Os autores constataram que o principal destino é a folha de pagamento e outras despesas com pessoal, com valor entre 60% e 83% dos gastos totais.

Maior parte do custo é com folha de pagamento dos funcionários (Reprodução/CNJ)

Em outras apurações relativas aos valores destinados a necessidades básicas das pessoas privadas de liberdade, há um padrão irregular na alocação de recursos. No caso da alimentação, por exemplo, a variação é de até seis vezes entre os estados. Em Pernambuco, o gasto diário com a alimentação de cada pessoa privada de liberdade é de menos de R$ 6, já no Amazonas esse gasto é seis vezes maior, R$ 38 diários.

Os gastos são ainda mais discrepantes com material de higiene, vestimenta, colchões e material de limpeza, que podem variar em até 10 vezes. Em Alagoas e no Distrito Federal, por exemplo, o gasto por mês não ultrapassa os R$ 11 por preso. A conclusão é que as necessidades básicas não estão sendo devidamente atendidas.

Gráfico com gasto mensal com higiene, vestimenta, colchões e material de limpeza (Reprodução/CNJ)

“As discrepâncias acima observadas suscitam indagar como os estados, com gastos tão reduzidos, são capazes de fornecer subsídios mínimos para as pessoas privadas de liberdade. A resposta provável é apenas uma: essas necessidades básicas não estão sendo devidamente atendidas”.

Isso mostra que estados com menos gastos não necessariamente apresentam um dado positivo. O objetivo do estudo é qualificar o debate sobre a aplicação dos recursos públicos de forma a romper ciclos de violência e estimular a retomada da vida em sociedade.

Edição: Vitor Fernandes

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