“Chamaram a minha filha de macaca. Agora, estamos aqui”, diz mãe de Rafaela Silva

Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ

A judoca Rafaela Silva venceu cinco combates na categoria peso leve (57 kg) nesta segunda-feira (8), na Arena Carioca 2, no Rio de Janeiro, e foi responsável pela primeira medalha de ouro brasileira. O triunfo foi bem mais que um prêmio para a esportista, foi uma prova de superação após a derrota que sofreu nas Olimpíadas de Londres, há quatro anos. O episódio fez com que Rafaela enfrentasse um quadro de depressão, resultante das ofensas que recebeu.

Rafaela comprou ingressos para grande parte da família assisti-la durante as lutas. A mãe Zenilda e o pai Luiz Carlos saíram de ônibus da comunidade Cidade de Deus e foram até a instalação olímpica para ver a filha dar a volta por cima. “Em Londres, a gente não estava lá. Chamaram a minha filha de macaca. Agora, estamos aqui. O mundo todo chorou e hoje ela vai dar a volta por cima”, disse Zenilda em entrevista ao jornal Extra.

Aos 24 anos, Rafaela aproveitou a chance de reverter as críticas e ganhar a medalha de ouro. “Eu treinei muito depois de Londres para não ter o mesmo sofrimento, falaram que o judô não era para mim, era vergonha para minha família. Treinei muito e a medalha veio. Não sei se o que seria da minha vida sem o judô, poderia estar brigando na rua ainda”, disse Rafaela ao SporTV.

Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ
Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ

Olimpíada de Londres

Em sua disputa com a húngara Hedvig Karakas, há quatro anos, Rafaela foi punida e acabou sendo derrotada. A desclassificação motivou internautas a ofenderem a judoca com comentários racistas nas redes sociais. Ao ver as ofensas, Rafaela reagiu e acabou respondendo com palavrões e novas ofensas. Depois, com a decisão de abandonar o tatame. Rafaela preferiu se afastar da mídia.

“Eu cheguei no quarto, peguei meu celular querendo um amparo, uma ajuda, uma mensagem e só tinha mensagem falando que lugar de macaco era na jaula, não era na Olimpíada, que eu era a vergonha pra minha família, então, eu acho que doeu muito”, disse em entrevista à TV Globo.

A judoca acabou recebendo advertências do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O que a desmotivou ainda mais. Coube ao técnico Geraldo Bernardes e Flavio Canto, ex-judoca e criador do Projeto Instituto Reação, reverterem a decisão. O processo foi longo e contou com um período de depressão de Rafaela, revertido com sessões de psicologia semanais. A judoca resgatou o desejo de lutar e conquistou o título no Mundial de judô em 2013, no Rio, antes de faturar o primeiro ouro brasileiro na Rio 2016.

Jéssica Munhoz

Jessica Munhoz é redatora do Portal Bhaz e responsável pela seção Cultura de Rua.

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