Corpos de idosas são trocados em hospital e uma delas acaba cremada por engano: ‘Jamais gostaria’

idosa corpos trocados
Josefa (à esquerda) e Gecélia Barbosa (à direita) tiveram corpos trocados (Reprodução/UOL)

A família de uma idosa, de 69 anos, denuncia um hospital no Rio de Janeiro por cremar o corpo dela por engano depois da unidade trocar os corpos de duas pacientes. O caso aconteceu na última segunda-feira (27), no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. A idosa é Josefa Figueira da Silva, e quem denunciou o caso foi sua filha, Ana Paula Figueira, em entrevista ao Uol.

A filha de Josefa conta que só descobriu que mãe havia sido cremada por outra família dois dias depois, quando ela foi até o local para fazer o reconhecimento do corpo.

“Fui reconhecer minha mãe e, chegando lá vi que não era ela. Minha mãe tinha pavor a fogo e jamais gostaria de ser cremada, nunca na vida dela. O enterro, que estava marcado para as 15h30, não aconteceu e agora o hospital quer culpar uma senhorinha pelo reconhecimento”, diz em entrevista.

‘Ficaram procurando’

Segundo ela, depois esperar um certo tempo para resolver a documentação da falecida, os funcionários do hospital avisaram que estava faltando o nome da idosa no sistema, e pediram que Ana Paula fosse reconhecer o corpo. Porém, era de outra pessoa – Gecélia Barbosa, de 89 anos. As duas morreram vítimas da Covid-19.

“Eles ficaram procurando o corpo de Josefa Ferreira, mas, como não encontraram, deram o corpo de dona Gecélia para mim. Os funcionários falavam ‘Tem certeza que não é ela? Porque muda depois que morre’. Quando o corpo sumiu e me chamaram para reconhecer outro, de cara a gente disse que não era minha mãe”, afirma.

Família fala em ‘sucessão de erros’

Ainda de acordo com o portal, a filha da senhora Gecélia, Jorgina Barbosa, saiu da capital mineira para o Rio de Janeiro para que o desejo da mãe fosse cumprido, que seria o de ser cremada. Mas alega que a família não pode vê-la de forma correta no momento do reconhecimento.

Para advogada da família, Sumaya Portilho, o erro pode ter partido do maqueiro do hospital, que teria entregado o corpo diretamente para um dos funcionários da funerária. Ele teria pedido para que o tal funcionário conferisse os dados da mulher, mas não houve essa conferência não foi feita. O empregado apenas teria descoberto 15 centímetros do saco que envolvia o corpo.

“Isso é inadmissível. Uma senhora fez uma viagem para reconhecer a mãe, teve menos de um minuto para fazer essa identificação com um fecho de 10 a 15 centímetros. É uma sucessão de erros, de negligências absurdas. Tanto o hospital quanto a funerária que recebeu o corpo de dona Josefa por engano são responsáveis. O problema só não foi maior porque a outra funerária decidiu abrir todo o saco e Ana Paula viu que aquela não era sua mãe. Se não fosse isso, ela também teria enterrado a pessoa errada”, afirma.

Segundo a reportagem, a família aguarda a liberação do corpo de Gecélia para, enfim, conseguir fazer a cerimônia de despedida seguida da cremação.

A assessoria do hospital afirma à reportagem do portal UOL que Gecélia Barbosa morreu na sexta-feira (24). No momento da liberação para sepultamento, feita no dia seguinte, um outro corpo foi apresentado à filha da paciente, que acabou fazendo o reconhecimento. Segundo o comunicado, as duas famílias foram notificadas na segunda-feira assim que o erro foi identificado.

Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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