Deputado mineiro diz que Bolsonaro levará ‘uma coça’ nas eleições

Andre Janones
Deputado se posicionou contra o voto impresso (Reprodução/@andrejanones/Instagram)

O deputado mineiro André Janones (Avante) detonou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados, nessa terça-feira (6). Ele defendeu o voto eletrônico e desafiou o presidente a conseguir provar que as urnas são corruptíveis. O parlamentar, de Ituiutaba, na região Sudeste de Minas Gerais, ainda disse que Bolsonaro está arrumando “desculpas esfarrapadas” para a derrota nas eleições presidenciais do ano que vem.

“Vossa excelência vai levar uma taca nas eleições do ano que vem, vai tomar uma lapada, um couro, uma coça, que vai perder até o rumo de casa. E já ciente disso, começa a arrumar as desculpas esfarrapas, treinando gente para ir lá e falar: ‘ó, votei em um candidato e aqui está o nome de outro’. Tudo mentira, tudo militante pago com dinheiro público”, disse o deputado em plenário.

O parlamentar desfiou Bolsonaro a provar o discurso de que as urnas eletrônicas são fraudadas no país. “Então, ó, presidente para finalizar, quero fazer um desafio à vossa excelência. Arrume o melhor hacker, não é do Brasil não, é do mundo. Venha até nós, eu já falei com o presidente da Comissão da Reforma Eleitoral, ele leve esse hacker lá no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), se ele conseguir fraudar as urnas, presidente, aí a gente passa, essa casa passa a defender também o voto no papelzinho”.

“O senhor tá querendo é tumultuar, é arrumar desculpa para justificar o cacete que vai tomar nas urnas ano que vem e que já viu que é irremediável”, alegou. “Melhor chorar na cama que é um lugar quente do que aqui no plenário”, provocou.

‘Block’ nas redes sociais

O parlamentar disse que precisava usar do espaço para se dirigir ao Bolsonaro, pois o presidente o bloqueou nas redes sociais. “Eu venho aqui hoje dessa tribuna fazer um desafio ao nosso presidente Jair Messias Bolsonaro, desafio este que eu poderia fazer pelas redes sociais e assim utilizar esse tempo de uma maneira mais produtiva, mas como o mesmo me bloqueou nas redes sociais se faz necessário que eu o faça aqui, desta tribuna”, disse.

O presidente bloqueou André Janones depois de o deputado publicar a seguinte frase: “Eu espero, um dia, que Deus o perdoe, porque nós, os brasileiros, não o perdoaremos”. No plenário, o parlamentar repetiu a mesma frase, e ainda criticou os filhos de Bolsonaro.

“Quero dizer ao presidente que essa narrativa que ele vai perder as eleições se o voto for eletrônico. Senhor presidente, se existisse manipulação nas eleições, se existisse fraude, eu não estaria aqui não, porque eu fui eleito com a campanha simples, não tenho ninguém na política, nunca tive filho na política fazendo rachadinha, nunca me envolvi com milícia”, argumenta.

Contra o voto impresso

“O presidente tem sustentado nas ultimas semanas uma falsa narrativa com a intenção de manipular o povo brasileiro contra o voto eletrônico e a favor do voto impresso. E nessa narrativa o presidente sustenta que o povo está com ele e que o povo não vai admitir o voto eletrônico mais. Primeiro que quero dizer ao presidente para ele lavar a boca para falar a palavra “povo”, porque o presidente da República não sabe o que é povo”, critica.

“O povo para qual o presidente da República fala é o povo que mata vereadora, é o povo da milícia, é o povo que ele paga com dinheiro público para vir aqui na porta da Câmara para defendê-lo. Esse é o povo que o presidente da República fala. Agora o povo de verdade, o povo trabalhador deste país, que esse povo eu represento e encho a boca para falar que é o povão, que é a massa, esse povo sabe qual é a opinião deles sobre o voto impresso?”, questinou.

“Não tão nem aí. Porque o povo brasileiro está preocupado com a alta da gasolina, com a alta dos alimentos, tudo fruto da político desastrosa do ministro Paulo Guedes”. Ele ainda diz que o povo brasileiro está revoltado porque o auxílio emergencial foi reduzido. “Porque não tem recurso, mas de repente tem recurso para gastar 2 bilhões de reais para votar o voto no papelzinho”, disse.

“Eu me candidatei dizendo que eu entraria aqui dentro dessa casa para descer o cacete em político bandido, em corrupto, que eu ia denunciar casos de corrupção. O senhor acha realmente que se existisse manipulação, o sistema permitiria que eu estivesse aqui quando eu entro nessa Casa com a proposta de representar o povo e quebrar o sistema? Eu tenho certeza que jamais”, argumentou.

Bolsonaro defende voto impresso

O atual presidente do Brasil, em contrapartida, já afirmou em várias ocasiões que deseja que as próximas eleições sejam regidas pelo voto impresso. Em maio, de forma autoritária, disse que, se caso não haja voto impresso nas eleições de 2022, será “sinal de que não vai ter eleição”.

“A única republiqueta do mundo é a nossa, que aceita essa porcaria desse voto eletrônico” disse Bolsonaro, erroneamente. Além do Brasil, outros 46 países utilizam urnas eletrônicas nas eleições. “Isso tem que ser mudado. E digo mais, se o Parlamento brasileiro […] aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Não vou nem falar mais nada. Porque se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição. Acho que o recado está dado”, declarou.

O presidente já tinha dito uma fala parecida no final do ano passado. Em conversa com apoiadores em São Francisco do Sul (SC), o chefe do Executivo federal disse que “se não tiver voto impresso, pode esquecer eleição”. No mesmo ano, sem provas, Bolsonaro questionou, mais de uma vez, a segurança da urna eletrônica.

Edição: Vitor Fernandes

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