Brasil tem 2,8 milhões de jovens fora do Ensino Médio; números em Minas são positivos

Com a chegada do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), muitos estudantes começam a se preparar para o futuro. Porém, essa não é a realidade de todos. Uma pesquisa realizada no país mostra que, a cada ano, quase 3 milhões de jovens abandonam a escola no Brasil.

O estudo “Políticas Públicas para Redução do Abandono e Evasão Escolar de Jovens”, foi elaborado pelo Ensino Superior em Negócios, Direito e Engenharia (Insper).

Ensino Médio

Segundo o levantamento, ao final deste ano, um em cada quatro jovens entre 15 e 17 anos de idade vão abandonar seus estudos, não vão se matricular para o ano seguinte ou serão reprovados. Isso corresponde a 2,8 milhões de pessoas. Esse número representa 27% entre os 10 milhões de jovens estimados no país nessa faixa etária e que deveriam, de acordo com a Constituição, estar frequentando a escola.

Desses 10 milhões de jovens, cerca de 15% ou 1,5 milhão, sequer vão se matricular para o início do ano letivo. Do restante, entre aqueles que se matriculam, cerca de 7% ou 700 mil jovens vão abandonar a escola antes do final do ano. Além disso, cerca de 600 mil alunos (5%) serão reprovados por faltas, o que completa os 2,8 milhões de jovens que estarão fora da escola a cada ano.

Brasil

Segundo o estudo, 6,1 milhões de jovens, 59% dos estudantes, vão concluir o Ensino Médio com no máximo um ano de atraso. Além de todos os problemas, a ausência de matrícula no início do ano letivo – evasão – e a desistência durante o ano escolar dos jovens também implica em prejuízo econômico para o país.

Estima-se que cerca de R$ 35 bilhões por ano são desperdiçados no país por causa da nossa realidade educacional.

Os dados revelam que mais da metade das nações tem menor porcentagem de jovens fora da escola que o Brasil. Se manter este ritmo, o país levará 200 anos para atingir a meta estabelecida no Plano Nacional de Educação. O plano de universalizar o atendimento escolar para a faixa etária de 15 e 16 anos deveria ter sido concluída em 2016.

Minas Gerais

O estudo mostra que houve uma estagnação na matrícula de jovens entre 15 e 16 anos. A porcentagem de jovens de 17 anos fora da escola cresceu 6 pontos percentuais nos últimos 15 anos, passando de 34% para 39,8%.

Isso, segundo o estudo, contradiz uma tendência mundial. Segundo a Unesco, 74% dos países avançam mais rapidamente na inclusão de jovens de 15 a 17 anos que o Brasil.

Quem também tenta seguir o caminho contrário do país, é Minas Gerais. De acordo com dados da PNAD/IBGE de 2014, no Estado cerca de 14% dos jovens entre 15 e 17 anos estão fora da escola.

Os dados do último Censo Escolar realizado em 2016, mostram que, desde 2012, a evasão escolar estava aumentando no Estado. E, somente no último ano, houve um aumento no acesso do jovem à educação.

Número de alunos de 15 a 17 anos na escola, em Minas Gerais:

2012: 736.509

2013: 711.702

2014: 689.740

2015: 681.738

2016: 729.524

 

Números de evasão escolar em Minas estão diminuindo

 

Diálogo  

Segundo a superintendente de desenvolvimento do Ensino Médio da Secretaria de Estado de Educação, Cecília Resende, em 2015, quando o atual governo assumiu o Estado, cerca de 160 mil jovens estavam fora da escola. “Nós começamos a trabalhar em projetos para devolver esse aluno à escola. Foram rodas de conversa com professores, jovens e representantes escolares para entender as situações. Buscamos entender o problema que fez com que o aluno saísse da escola”, explica.

De acordo com Cecília, o principal ponto identificado é que o atual modelo do ensino médio não dialoga com os jovens. “A maioria dos jovens que estão no ensino médio trabalham e precisam de escolas que atendam as suas necessidades. Em termos de localidade, horário, aulas e outras coisas”, conta.

A superintendente conta que algumas ações foram tomadas para reverter o problema da evasão escolar no Estado. “Nós flexibilizamos o horário noturno, fazendo com que começasse às 19h até às 22h15. São quatro aulas de 45min. Assim, o aluno tem tempo de chegar na escola e sai em um horário que dê para trabalhar no dia seguinte. Após essa ação, nós tivemos, em 2016, cerca de 114 mil novas matrículas, 75 mil no turno da noite”, ressalta.

“Além disso, elaboramos um currículo com disciplinas que debatem a diversidade, a inclusão social e o mercado de trabalho. Ao longo do ano, os professores se unem em um trabalho interdisciplinar com os alunos, buscando resolver um problema da sociedade. Isso é importante, pois a escola dialoga com a comunidade”, diz.

Evasão

Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação. Mostram a queda da taxa de evasão de alunos do ensino médio, em Minas Gerais, nos últimos anos.

2012/2013: 10,6

2013/2014: 10,4

2014/2015: 10,2

Políticas e ações

Um dos grandes problemas da Educação no Brasil é que as políticas que tratam da área são de Governo e não de Estado. Sendo assim, muitas ações que melhoram o setor durante um governo, são descontinuados em outros governos.

Segundo a superintendente, em Minas, as ações atuais de educação foram transformadas, por meio de decretos, em políticas de Estado. Sendo assim, serão garantidas em próximos governos.

A Secretaria de Estado de Educação (SEE) também realiza algumas ações voltadas para a juventude e que buscam reduzir a evasão escolar, principalmente no ensino médio, que é uma das prioridades desta gestão. A principal delas é a Virada Educação Minas Gerais (VEM), que foi criada para recolocar a questão da educação no centro da agenda política e social em Minas Gerais.

Com a Virada Educação, a SEE propõe um movimento de diálogo, aprofundamento e identificação de iniciativas exitosas e problemas a serem enfrentados para garantir educação de qualidade.

VEM

A campanha VEM deste ano iniciou no dia 25 de setembro e vai até o dia 25 de novembro. Os jovens que estão fora da escola podem se inscrever no site da Educação e garantir a sua vaga para retornar à escola em 2018. Para se inscrever basta clicar aqui e preencher o formulário.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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