Circula nas redes sociais um vídeo em que entregadores que trabalham com aplicativos são impedidos de ficar sentados enquanto aguardam o produto ficar pronto para ser levado até o cliente. A gravação foi realizada no Shopping Jardins, em Aracaju, capital do Sergipe, no último fim de semana. A situação é definida como “humilhante” por um profissional entrevistado pelo BHAZ. Por meio de nota, o estabelecimento lamentou o ocorrido.
O vídeo repercutiu após ser postado na página “Entregador Milgrau079”, no Instagram. Na gravação um segurança aproxima de uma entregador que está sentado em uma cadeira. Após a conversa, o rapaz se levanta.
O perfil é administrado pelo DJ Thiago Santos. À reportagem, ele explica o ocorrido e que precisa passar por isso, já que devido à impossibilidade de festas, por conta da pandemia de Covid-19, teve que recorrer às entregas para ter uma fonte de renda.
“É uma humilhação o que temos passado. O nosso trabalho já é estressante e não podemos sequer descansar enquanto aguardamos para fazer a entrega”, desabafa. O que mais chateia os entregadores, segundo Thiago, é a falta de justificativa das medidas adotadas pelo shopping.
“Os seguranças só falam que não podemos ficar sentados porque é uma ordem da superintendência. Só que não apresentam nada claro pra gente. Imagino que eles não querem manchar o shopping com nossa presença”. Thiago conta ainda que após a pandemia os entregadores foram obrigados a entrar por um local diferenciado dos clientes. “Estamos enfrentando muita dificuldades”.
‘Somos trabalhadores’
Conforme dito por Thiago, sentar seria uma forma dos entregadores descansarem, enquanto o alimento é preparado. “Tem que vez que ficamos até 40 minutos em pé esperando ficar pronto. Por isso eu digo que é humilhação”.
A revolta com a situação apresentada no vídeo é ainda maior, pois, no momento da filmagem o espaço estava fechado para o público. “Nossa demanda aumentou muito com a pandemia e sequer podemos sentar. Resta respeitar. Baderna não vamos fazer, todos nós somos trabalhadores e não tem vagabundo no meio dos entregadores”.
“Contamos com a repercussão do caso e da mídia para divulgar o que estamos passando. A gente não rebate os seguranças porque eles só cumprem ordem e não têm culpa de nada. Entendemos eles”, diz.
Repercussão
As imagens provocaram uma série de críticas nos perfis do Shopping Jardins. “Por que o tratamento diferenciado aos entregadores de aplicativo? Qual a justificativa para impedir o livre acesso deles aos assentos do shopping?”, “Péssimo gerenciamento. Os entregadores são o quê? Escravos? Pelo amor de Deus”, escreveram alguns.
Um internauta também cobrou respeito aos profissionais: “Se os restaurantes estão tendo o mínimo de lucro no meio dessa pandemia é graças a esses trabalhadores”. “Respeita os entregadores”, pediu outro.
O que diz o shopping?
Procurado pelo BHAZ, o Shopping Jardins lamentou “o ocorrido no último final de semana, quando houve um erro operacional”. Conforme informado pela assessoria, “o empreendimento instituiu algumas normas visando, sobretudo, otimizar a retirada de pedidos, manter organização logística e evitar aglomerações”.
“Queremos e vamos melhorar nossa operação nesse sentido e, por isso, estamos finalizando a implementação de espaços destinados especificamente aos profissionais que atuam no segmento a fim de recebê-los da melhor forma possível”, diz um dos trechos da nota que pode ser lida abaixo.
Nota do Shopping Jardins
“Para conciliar uma convivência entre os públicos importantes – tanto consumidores do local quanto profissionais que atuam com transporte de alimentos – o empreendimento instituiu algumas normas visando, sobretudo, otimizar a retirada de pedidos, manter organização logística e evitar aglomerações. Queremos e vamos melhorar nossa operação nesse sentido e, por isso, estamos finalizando a implementação de espaços destinados especificamente aos profissionais que atuam no segmento a fim de recebê-los da melhor forma possível. Pedimos desculpas, lamentamos o ocorrido no último final de semana, quando houve um erro operacional, e estamos analisando internamente as adaptações necessárias”.