PM dá tapa em estudante, saca arma e o ameaça de morte em ataque homofóbico: ‘Viadão’

jovem gay agredido
Vídeo mostra momento em que jovem gay é agredido por policial militar (Reprodução/@lucasdouradoac/Twitter)

O estudante de medicina Lucas Leite, 23, recebeu ameaças de morte e foi agredido por um policial militar em uma mercearia em Goiânia (GO). Conforme relata o jovem, ele saiu de casa para comprar macarrão e refrigerante, mas foi vítima de homofobia no estabelecimento. Vídeos mostram o momento em que o PM chama Lucas de “viadão”, e o agride. Nas imagens, é possível ver que policial ainda saca uma arma de fogo e aponta para o estudante.

O caso ocorreu na noite da última segunda-feira (9). O vídeo ainda mostra uma das pessoas ao redor tentando impedir a agressão, mas outros dois homens assistem a tudo sentados. “Até agora não sei como estou vivo. Foi horrível, momentos angustiantes e de muito medo. Simplesmente por eu ser gay”, desabafou Lucas, no Twitter.

O jovem relata que recebeu ameaças de morte. “Eu vou te matar, viadão! Eu vou te matar seu viado, eu vou te matar! Vou te exterminar viado!”. Segundo Lucas, tudo começou quando ele estava na mercearia e o policial militar questionou o motivo de o estudante estar olhando para ele, o que o jovem negou. A resposta não foi suficiente para suspender as intimidações. “Quer levar um tiro, viadão?”, questionou o policial.

Nesse momento, o estudante começou a filmar a ação “por medo e receio”. No vídeo, é possível escutar o policial chamando o jovem de “viadão” mais uma vez, antes de partir para agressão. Logo em seguida, o militar saca uma arma e aponta na direção do estudante. “Eu me afastei e ele continuou com as agressões, me derrubou no chão, desferiu vários chutes e socos e continuou por longos e assustadores minutos com a arma na minha cabeça, ao alcance dos meus olhos”, relatou Lucas.

“Eu só orava a Deus que me livrasse daquela situação, e até agora estou escutando o barulho ensurdecedor das palavras dele: ‘Eu vou te matar, viado'”. O estudante conseguiu se levantar, correr do homem, mas ainda recebeu uma última ameaça. Segundo o jovem, o policial se identificou como tal, disse que era “o dono da área”, e que mataria ele e as amigas que o acompanhava, caso ele divulgasse alguma prova. “Vou fazer um por um! Seu viadão de merda”, gritou o militar, antes de sair de moto do local.

Lucas registrou um boletim de ocorrência na polícia e disse que vai procurar todos os meios cabíveis para obter justiça.

Posição da polícia

Ao BHAZ, a Polícia Militar informou que tomou conhecimento do fato e após análise prévia da situação, determinou o afastamento do referido policial de suas funções operacionais, bem como a instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar o fato.

“A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros e que o caso será apurado com o rigor devido”, complementou na nota (veja na íntegra abaixo).

É crime!

O Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo. Vale reforçar que homofobia e transfobia são crimes previstos por lei. Eles entram na lei do racismo, já existente há 30 anos e, com isso, as punições são semelhantes. O STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizou a homofobia em junho de 2019.

Veja o que é considerado crime:

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.

Nota da PM na íntegra

A propósito da solicitação de resposta referente ao fato envolvendo um policial militar no seu horário de folga, na região do Parque Acalanto, a Polícia Militar de Goiás informa o que segue:

Que assim que tomou conhecimento do fato e após análise prévia da situação, determinou o afastamento do referido policial de suas funções operacionais, bem como a instauração de procedimento administrativo disciplinar para apurar o fato.

A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros e que o caso será apurado com o rigor devido.

Edição: Roberth Costa

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