A Polícia Civil de Goiás prendeu nessa quarta-feira (3) Grazielly da Silva Barbosa, acusada de aplicar PMMA nos glúteos da influencer Aline Maria Ferreira, de 33 anos. A paciente morreu após a realização do procedimento. Grazielly não é biomédica de verdade e foi presa sob suspeita de crimes contra as relações de consumo.
Em depoimento à polícia, a suspeita afirmou ter cursado três períodos de medicina no Paraguai, mas trancou o curso há cerca de três anos. Além disso, se intitulava como biomédica nas redes sociais, o que não é verdade, segundo a Polícia Civil de Goiás.
Durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (4), a delegada Débora Melo afirmou que, mesmo se a suspeita tivesse o diploma de biomédica, ela não poderia ter feito a aplicação de PMMA, já que apenas médicos podem realizar o procedimento. Ainda de acordo com a delegada, a polícia detectou várias irregularidades na clínica de Grazielly.
Entenda o caso
A influenciadora Aline Maria Ferreira da Silva morreu aos 33 anos após passar por um procedimento para aumentar os glúteos com PMMA (polimetilmetacrilato). A cirurgia ocorreu no dia 23 de junho, em uma clínica de Goiânia, em Goiás.
A influenciadora foi internada em um hospital particular de Brasília cinco dias após realizar o procedimento. Ela apresentou febre que não melhorava com medicamentos.
O marido de Aline disse que a febre começou um dia depois da cirurgia. Ele contou que a clínica afirmou que a febre poderia ser “normal” e prescreveu um antitérmico. No entanto, o estado de saúde da influenciadora apenas piorou.
Ela foi internada no último sábado (29), após apresentar fortes dores abdominais e desmaiar.
Uso de PMMA
Todos os produtos usados em procedimentos médicos e estéticos em comercialização no Brasil precisam ter registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Somente após a análise técnica, esses produtos são liberados para venda e uso.
Uma das aplicações do polimetilmetacrilato (PMMA) é na forma de gel para o preenchimento cutâneo de pequenas áreas do corpo. Segundo a Anvisa, um dos produtos que contém PMMA é o Biossimetric, fabricado pela MTC Medical Comércio Indústria Importação e Exportação de Produtos Biomédicos Ltda, que exige aplicação por profissional médico habilitado.
O produto está autorizado para as seguintes aplicações pela Anvisa:
- Correção de lipodistrofia (alteração no organismo que leva à concentração de gordura em algumas partes do corpo) provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).
- Correção volumétrica facial e corporal, que é uma forma de tratar alterações, como irregularidades e depressões no corpo, fazendo o preenchimento em áreas afetadas por meio de bioplastia.
A concentração de PMMA no produto varia e há indicações claras dos locais do corpo onde as aplicações podem ser feitas. De acordo com o fabricante, o produto pode conter 5, 10, 15 ou 30% de polimetilmetacrilato, apresentado em seringas plásticas de 1,0 mL ou 3,0 mL. Conforme a concentração do PMMA, o produto deve ser injetado nos locais descritos a seguir:
- Biossimetric com 5% de PMMA: deve ser injetado na derme profunda.
- Biossimetric com 10 ou 15%: deve ser injetado no tecido celular subcutâneo.
- Biossimetric com 30%: deve ser injetado a nível intramuscular ou justa periosteal ou pericondrial.
Limite de aplicação do PMMA
De acordo com as orientações do fabricante, aprovadas pela Anvisa, a dose utilizada é aquela estritamente necessária para a correção de defeitos tegumentares ou da pele. Portanto, depende de avaliação médica.
Ainda de acordo com a Anvisa, o produto não é contraindicado para aplicação nos glúteos para fins corretivos. Porém, não há indicação para aumento de volume, seja corporal ou facial.
Cabe ao profissional médico responsável avaliar a aplicação de acordo com a correção a ser realizada e as orientações técnicas de uso do produto.