FHC se posiciona contra voto impresso e alfineta Bolsonaro: ‘Para que mudá-lo?’

FHC ex-presidente
FHC não é o único que já se posicionou contra a adoção de um novo sistema eleitoral (Wilson Dias/Agência Brasil)

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se posicionou contra a adoção do sistema de voto impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os apoiadores dele. FHC, autoridade máxima do Poder Executivo entre 1995 e 2003, foi eleito em 1994 ainda em um sistema majoritariamente impresso. Já em 1998, foi reeleito no sistema eletrônico. Para o tucano, o sistema eleitoral funciona bem e não existe razão para mudá-lo.

O ex-chefe do Executivo nacional ainda deixou a entender que o motivo da mudança não parece partir de boas intenções. “O sistema eleitoral, depois que o voto passou a ser sem papel manuscrito, funcionou bem. Para que mudá-lo? Por bons motivos não parece ser…”, escreveu em postagem na rede social.

FHC ainda entende que as autoridades deveriam se voltar à resolução de problemas reais do país. “Há tanta coisa errada que requer ação que me parece equivocado mudar o que deu certo”, afirmou o ex-presidente da República.

Bolsonaro defende voto impresso

O atual presidente do Brasil, em contrapartida, já afirmou em várias ocasiões que deseja que as próximas eleições sejam regidas pelo voto impresso. Em maio, de forma autoritária, disse que, se caso não haja voto impresso nas eleições de 2022, será “sinal de que não vai ter eleição”.

“A única republiqueta do mundo é a nossa, que aceita essa porcaria desse voto eletrônico” disse Bolsonaro, erroneamente. Além do Brasil, outros 46 países utilizam urnas eletrônicas nas eleições. “Isso tem que ser mudado. E digo mais, se o Parlamento brasileiro […] aprovar e promulgar, vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Não vou nem falar mais nada. Porque se não tiver voto impresso, é sinal de que não vai ter eleição. Acho que o recado está dado”, declarou.

O presidente já tinha dito uma fala parecida no final do ano passado. Em conversa com apoiadores em São Francisco do Sul (SC), o chefe do Executivo federal disse que “se não tiver voto impresso, pode esquecer eleição”. No mesmo ano, sem provas, Bolsonaro questionou, mais de uma vez, a segurança da urna eletrônica.

O atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, apoia o presidente nessa questão, e já determinou a criação de uma comissão especial para discutir a PEC do voto impresso. Nas manifestações pro-Bolsonaro, os apoiadores do presidente pedem pela adoção do antigo sistema.

Outros se colocam contra

Para o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luis Roberto Barroso, a votação eletrônica funciona muito bem. “Nós vamos criar o caos em um sistema que funciona muitíssimo bem”, disse Barroso em entrevista à GloboNews, em maio. Com o exemplo dos Estados Unidos, Barroso afirmou que a votação impressa permitiria que os candidatos que não fossem eleitos alegassem que houve fraude no processo, o que seria “problemático”.

O antecessor de Lira na presidência da Câmara, Rodrigo Maia, também já se posicionou contra a adoção do voto impresso. No ano passado, ainda como presidente da Casa, Maia disse que tratar de voto impresso “coloca em xeque” o atual sistema eleitoral, que ele considera “muito seguro”.

Edição: Vitor Fernandes

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