Irmã e conhecidos identificam golpista que destruiu relógio de Dom João VI no Planalto

Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 30 anos, foi flagrado pelas câmeras de segurança cometendo o ato criminoso (Reprodução/TV Globo)

Testemunhas identificaram o bolsonarista responsável por destruir o relógio de Dom João VI durante as invasões golpistas na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Antônio Cláudio Alves Ferreira, de 30 anos, foi flagrado pelas câmeras de segurança cometendo o ato criminoso.

O jornal O Globo foi até Catalão, interior de Goiás, onde o suspeito mora, e conversou com quatro pessoas do convívio de Antônio, que trabalhava como mecânico. Uma delas é a irmã do bolsonarista, Rosinaline Alves Ferreira, que confirmou a identidade do homem que participou dos atos terroristas em Brasília.

(Reprodução/TV Globo)

“Fiquei sabendo que era ele mesmo pela reportagem (do Fantástico, da TV GLOBO), que eu vi que era ele. Eu queria até saber notícias de onde ele está. A gente acaba ficando preocupada. Pelas atitudes dele, eu vi que o que ele fez é muito errado. Mas estou preocupada porque não sei se ele foi preso e onde está”, afirmou.

A proprietária da casa em que o suspeito morava de aluguel também garante se tratar da mesma pessoa. Segundo ela, Ferreira teria deixado de fazer os pagamentos mensais de R$ 400 desde novembro. A justificativa? O homem gastava o dinheiro com as recorrentes viagens a Brasília, onde participava do acampamento em frente ao Quartel General do Exército.

A dona do imóvel, que pediu para não ser identificada porque teme retaliação, conta ainda ter ficado estarrecida quando reconheceu o inquilino nas imagens que circularam pelo país afora.

Na casa de Antônio, a fachada da casa exibe uma bandeira do Brasil e um adesivo com a foto, nome e o número de campanha do candidato derrotado Jair Bolsonaro à Presidência.

O pintor Vanderlei Gonçalves, que mora em um imóvel construído no mesmo terreno e teve acesso ao interior da residência, conta que o suspeito deixou para trás uma Bíblia, uma faca, um boné com o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, roupas e uma panela cheia de arroz.

“Antes daquela bagunça lá em Brasília, ele (Ferreira) colocava o hino da Bandeira e tocava durante três horas aquela barulheira”, relembrou o vizinho.

(Reprodução/Agência Brasil)

Fernando Zorzetti, ex-chefe de Antônio em uma oficina da região, também confirma ter reconhecido o ex-funcionário após ver a imagem na televisão. Ele disse que o golpista era “uma pessoa simples” e que diz acreditar que “pode ter confundido” o relógio centenário “com um vaso de planta”.

“Eu vi na televisão. Era ele mesmo. Eu tenho 100% de certeza que é ele. Fiquei assustado: “Como assim, o Claudinho?” afirmou Zorzetti, acrescentando: — Pode ter passado na cabeça que aquilo (o relógio) era um vaso de planta ou um trem qualquer, sem ter noção que era um patrimônio histórico ou relíquia”.

Patrimônio histórico

A relíquia de Dom João VI estilhaçada no Planalto é uma das duas peças existentes do relojoeiro francês Balthazar Martinot.

A outra está exposta no Palácio de Versalhes, na França, no quarto que foi da rainha Maria Antonieta, com metade do tamanho do item destruído pelo mecânico.

Símbolo do vandalismo provocado pelos invasores, o presente histórico só poderá ser reconstruído com ajuda internacional.

Isabella Guasti[email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!