Jovem é agredido após criticar placa em apoio a Bolsonaro

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(Reprodução/Facebook)

Um jovem de 22 anos foi agredido com socos no próprio trabalho após fazer uma post nas redes sociais criticando a instalação de uma placa em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na entrada da cidade em que mora. Bruno Vieira fez uma publicação dizendo que a placa – colocada em Espumoso, a cerca de 260 quilômetros de Porto Alegre (RS) – era uma vergonha e foi atacado menos de 24h depois, na última quarta (19).

“O que ocorreu é que colocaram umas placas de apoio ao Bolsonaro e eu fiz um post criticando, falei que era mais uma vergonha, mas só isso. Não citei nome de ninguém, nada disso”, contou ao BHAZ. Foi aí que as ameaças começaram: utilizando o perfil da esposa, um morador da cidade, que já conhecia Bruno, começou a deixar uma série de comentários atacando o jovem na publicação. Entre as mensagens, o homem chegou a dizer “não te preocupa, amanhã vou te procurar” e “aguarda, neném”, com ironia.

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Homem usou perfil da esposa para comentar na publicação de Bruno (Reprodução/Facebook)
Homem usou perfil da esposa para comentar na publicação de Bruno (Reprodução/Facebook)

No dia seguinte, Bruno, que é funcionário terceirizado da Caixa Econômica Federal, estava trabalhando quando o homem entrou na agência. “Perguntei o que ele precisava, como faço com todo mundo, e ele disse que era com outra pessoa e entrou. Na volta, ele foi usar a minha mesa para fazer umas anotações, o que é proibido agora por causa da Covid-19”, lembra. O jovem tentou alertar o homem e ele se exaltou: “Falei que ele tinha que usar outra mesa e ele se recusou, falou em tom agressivo e insistiu. Aí ele puxou o assunto da placa, falou que ele tinha colocado e já foi pra cima de mim”.

Emprego em risco

Bruno lembra ainda que, quando levou o primeiro soco, ele tentou fugir da situação e somente depois revidou. Ele conta que conhecia o agressor antes do episódio da placa, já que havia o atendido várias vezes na agência, mas os dois nunca tinham se desentendido até então. O jovem publicou um relato da agressão nas redes sociais e, depois da repercussão, foi procurado novamente pelo agressor. “Ele até mandou um áudio para um primo meu, pedindo desculpas, dizendo que eu sempre fui muito atencioso, muito querido, sempre ajudei”, relata.

Além do susto e dos machucados, a agressão por pouco não custou o emprego do jovem. “A repercussão foi um dos motivos pelos quais eu acabei não perdendo empego. Inclusive foi o que eu escutei hoje, que se não fosse por isso, eu seria demitido… Quase que eu perco o emprego por causa disso”, conta. Bruno explica que ainda não entendeu direito a situação, já que ouviu versões diferentes do gerente da agência da Caixa e do chefe na empresa terceirizada.

Homem usou perfil da esposa para comentar na publicação de Bruno (Reprodução/Facebook)

Medo de sair sozinho

Bruno conta ainda que, desde o episódio da agressão, não conseguiu voltar a viver normalmente. Dois advogados da cidade ofereceram assistência jurídica gratuita ao jovem, mas ele conta que no cotidiano a situação é mais difícil. “Nunca imaginei que aconteceria isso, porque todo mundo coloca a opinião lá né? E eu não ofendi ninguém, só falei que seria uma vergonha porque aquilo não me representa. Agora eu estou bastante receoso até de sair na rua sozinho”, desabafa.

O fato de a agressão ter acontecido dentro do trabalho também assustou o jovem, que recebeu apoio de diversos moradores nas redes sociais: “Eu nunca pensei que isso aconteceria comigo. Eu sou uma pessoa querida na cidade, porque como trabalho no banco, eu conheço muita gente e as pessoas gostam de mim. Eu nunca tive problema com ninguém, trato todo mundo do mesmo jeito”.

A experiência mudou não só a forma como Bruno vive, mas também sua postura no ambiente virtual. Com medo de que a agressão se repita, ele excluiu tudo que pudesse gerar discordância e disse não saber quando vai voltar a se manifestar tranquilamente: “Não posto mais nada. Apenas compartilhei e curti o apoio que o pessoal estava me dando. Se fizeram isso dentro do meu próprio trabalho, o que não podem fazer comigo na rua?”.

O BHAZ procurou a Caixa Econômica Federal, mas, até a publicação desta reportagem, não obteve resposta. A matéria será atualizada tão logo haja um posicionamento.

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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