Pesquisa da UFMG aponta que jovens negras são as que mais sofrem violência dos parceiros no Brasil

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Aproximadamente 8% das mulheres brasileiras que participaram do estudo revelam que já foram vítimas de seus companheiros (Arquivo Agência Brasil)

Jovens de até 24 anos, negras, com baixa escolaridade e moradoras da região Nordeste são as principais vítimas de violência cometida por seus próprios parceiros no Brasil, é o que diz uma pesquisa realizada nas faculdades de Enfermagem e Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O estudo analisou dados coletados pela Pesquisa Nacional de Saúde em 2019, que ouviu cerca de 34 mil mulheres adultas em todo o Brasil.

Aproximadamente 8% das mulheres ouvidas revelam que já foram vítimas de seus companheiros e destacaram com mais frequência terem sofrido violência psicológica (7,07%), seguida pela física (2,75%) e sexual (0,68%).

A professora da Escola de Enfermagem e orientadora do trabalho, Deborah Carvalho Malta, explica que esse tipo de violência é classificada como VPI (Violência por Parceiro Íntimo) e pode ser entendida como “qualquer comportamento num relacionamento dessa natureza que cause danos físicos, sexuais ou psicológicos”.

“Várias culturas naturalizam a VPI e consideram que, a fim de reprimir a mulher e reafirmar a hierarquia da relação, os homens têm o direito de infligir punições físicas a suas parceiras e de manter relações sexuais contra a vontade delas”, explica a estudiosa.

Dados são alarmantes

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente 30% das mulheres acima de 18 anos já foram vítimas de violência física e sexual por seus parceiros ao menos uma vez na vida. No Brasil, um estudo realizado pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) em 2019 concluiu que 16,7% das mulheres entre 15 e 49 anos também já foram vítimas de violências desse gênero.

A pesquisadora da UFMG, Nádia Machado de Vasconcelos, ressalta que a VPI “pode fazer parte de um padrão contínuo de abuso”. É que o estudo conduzido por ela concluiu que no Brasil 33% das vítimas relatam recorrência da violência.

Para a professora Deborah, reunir dados sobre a VPI auxilia na construção de programas e políticas públicas capazes de levar à redução da violência. Ela assina o artigo com as pesquisadoras Nádia Machado de Vasconcelos, Fabiana Martins Dias de Andrade, Isabella Vitral Pinto e Crizian Saar Gomes.

“Os achados desse estudo servirão para apoiar a vigilância de violências, monitorar o cumprimento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030, bem como poderão auxiliar na construção de políticas públicas que visem à redução das desigualdades e iniquidades sociais”, enfatiza.

Com UFMG

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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