Cíntia Mariano, a madrasta suspeita de envenenar os dois enteados e matar um deles, enviou mensagens à mãe das vítimas consolando a mulher após a morte da filha dela. Ela ainda publicou mensagens de força e oração nas redes sociais enquanto Fernanda Cabral, de 22 anos, ainda estava internada. As informações foram divulgadas pelo g1.
A mulher de 49 anos foi detida na última sexta-feira (20), em Realengo, no Rio de Janeiro, por meio de um mandado de prisão temporário por homicídio. A suspeita é de que ela tenha servido comida envenenada à jovem de 22 e ao irmão dela, um adolescente de 16 anos.
Fernanda Cabral ficou internada por 13 dias em um hospital, mas não resistiu. Dois meses depois, o irmão da jovem apresentou sintomas semelhantes aos dela depois de comer feijão servido pela madrasta (entenda abaixo). O adolescente segue internado.
Orações
Em março, enquanto Fernanda estava internada, Cíntia Mariano fez vários publicações nas próprias redes sociais torcendo pela recuperação da jovem e desejando forças à família e aos amigos dela.
Segundo o g1, quando o quadro da vítima começou a piorar, no dia 21 daquele mês, a madrasta publicou um vídeo com uma música gospel e uma imagem da enteada. “Você vai vencer! Eu creio”, escreveu a mulher que depois seria considerada suspeita de provocar a internação.
No dia seguinte, ela fez outras quatro postagens com mais orações e mensagens de esperança. Em um delas, a madrasta aparece ao lado do marido, do enteado de 16 anos que também foi envenenado depois, e do namorado de Fernanda Cabral.
Depois que a jovem faleceu, Cíntia postou mais uma foto dela, com a música “Estrelinha”, de Marília Mendonça. “Quando bater a saudade, olhe aqui pra cima. Sabe lá no céu, aquela estrelinha que eu muitas vezes mostrei pra você? Hoje é minha morada, a minha casinha”, diz a letra.
‘Feijão fresquinho’
De acordo com uma conversa divulgada pela TV Globo, a madrasta também enviou várias mensagens à mãe de Fernanda, oferecendo apoio após a morte da jovem. Ela chegou a convidar a mulher para ficar na casa dela durante aquele período.
“Se quiser vir pra cá, pode vir, tá?”, escreveu Cíntia no WhatsApp. “Tá bom, meu amor. Qualquer coisa, também estou aqui”, respondeu Jane Carvalho, a mãe, cinco dias após a morte de Fernanda.
“Tem carne assada com salada de agrião, quer um pouco? Eu levo aí para você”, diz a madrasta. “Não, obrigada, eu fiz almoço ontem e sobrou tudo. Eu quase não estou comendo, estou forçando muito”, explica a mãe da vítima, e Cíntia insiste: “tem feijão fresquinho, tem que comer, Jane”.
Envenenamento
De acordo com as investigações, em março deste ano, Cíntia Mariano Dias Cabral teria envenenado a enteada de 22 anos. A jovem ficou internada por 13 dias em um hospital. Dois meses depois, o irmão da jovem que morreu apresentou sintomas semelhantes aos dela. O adolescente de 16 anos segue internado.
Por meio de depoimentos colhidos, em especial os prestados pelos filhos biológicos da suspeita, as autoridades constataram quadro de intoxicação exógena, ou seja, por substância externa.
Os filhos da mulher disseram ter ouvido ela confessar que colocou veneno na comida dos dois enteados. Assim, os agentes concluíram que Cíntia pode ter provocado a morte da enteada mais velha, bem como teria tentado matar o mais novo.
As suspeitas de que Cíntia pode ter envolvimento com a morte da enteada mais velha e com a intoxicação do mais novo surgiram em 15 de maio. Na ocasião, o adolescente foi almoçar junto do pai e da madrasta. Na volta, começou a sentir falta de ar, sudorese, além de visão turva e língua enrolando. Ele foi internado e não corre risco de morrer.
Depois do episódio, a mãe do adolescente e da irmã que morreu procurou a Polícia Civil por suspeitar do envenenamento dos dois. A mãe dos dois contou que o filho reclamou do gosto do feijão, que estaria amargo e com pedrinhas azuis. Segundo o rapaz teria relatado, a madrasta pegou o prato dele e serviu mais feijão.
Mais mortes investigadas e tentativa de suicídio
Logo que receberam a denúncia, policiais civis foram até a casa de Cíntia, na quinta-feira (19), e recolheram o feijão para análise. A mulher, segundo as autoridades, tentou tirar a própria vida ao descobrir que é investigada. Ela foi levada para um hospital e se recuperou, sendo levada para prestar depoimento ontem (19), mesma data em que acabou presa.
Ainda de acordo com a Polícia Civil do Rio, outras duas mortes, além da enteada, são investigadas: sendo a primeira do ex-marido de Cíntia e a segunda de uma vizinha dela. Os dois morreram de forma repentina e, até então, as causas das mortes não foram esclarecidas.
Cíntia já conta com advogado constituído, mas o defensor só irá se manifestar após analisar os autos e suspeitas contra a cliente.
