Militar é afastado após policial denunciar agressões em curso para mulheres no CE

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Diretor-geral da Aesp foi exonerado e substituído após denúncia de agressões (Reprodução/Google Street View)

Um coronel da Polícia Militar é suspeito de agredir uma policial civil de 53 anos enquanto trabalhava como instrutor em um curso da Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp) do Ceará. Após a repercussão, o governo do estado o exonerou da diretoria-geral do órgão.

O caso foi registrado durante a 3ª edição do Curso Tático Policial Feminino (CTAP), no último dia 8. Em contato com o Diário do Nordeste, a vítima disse que o agressor a chamou de “velha” enquanto a batia com pauladas nas nádegas.

Sumiço de pizza teria sido deixa

O curso ocorreu em vários locais, incluindo o Ceará. Maranhense, a agente chegou no estado no dia 27 de maio para iniciar sua participação no treinamento, segundo informações do Diário.

Ao g1, a vítima contou que está fazendo acompanhamento psicológico após o ocorrido. Ela denuncia que as agressões começaram devido ao sumiço de um pedaço de pizza. O homem teria se enfurecido, chamado todas de “loucas” e as colocado em posição de flexão. Em seguida, começou a bater nelas.

Ela informou que, após as agressões, pediu o desligamento do curso, que teve 44 alunas no total. Além de cearenses, participaram mulheres de Pernambuco, Maranhão, Paraná, Rio Grande do Norte e Piauí. Imagens mostram os danos físicos da violência (veja abaixo).

relato e foto de agressão sofrida por policial maranhense em curso no Ceará
Reprodução/Diário do Nordeste

Secretaria de Segurança Pública abre inquérito

Por meio de nota ao BHAZ, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS) informa que abriu um inquérito policial para apurar o caso, que foi instaurado na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

As autoridades fizeram oitivas e acolheram a vítima, que passou por um exame de corpo de delito. “É importante destacar ainda que, assim que o pedido de desligamento do curso foi solicitado pela policial feminina, foi designada uma equipe para acompanhar a vítima ao seu Estado de origem. O suspeito das agressões, um instrutor da Polícia Militar do Tocantins, foi imediatamente afastado do curso”, diz.

A corporação afirma não compactuar com tais condutas e salienta que todas as denúncias passam por investigação preliminar “no intuito de que indícios de autoria e materialidade sejam colhidos para dar subsídios ao oferecimento de instrução processual e adoção de medidas cabíveis na esfera criminal”.

Governador exonera diretor-geral

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, lamentou a situação em seu perfil no Twitter. “Inadmissível e revoltante a denúncia de agressão cometida por um policial de Tocantins, responsável por ministrar um dos módulos do Curso Tático Policial Feminino na Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp), contra uma policial civil do Maranhão”, escreveu.

O mandatário diz que determinou ao secretário da Segurança Pública uma “apuração rigorosa”, além de solicitar formalmente a instauração de um processo disciplinar para apurar o caso.

Diante da situação, o governo trocou a direção-geral da Aesp. O novo responsável é o coronel Kilderlan Nascimento de Souza. “Não compactuamos e não vamos tolerar qualquer tipo de violência contra as mulheres, assim como quaisquer abusos dentro dos nossos cursos de formação”, finaliza o texto.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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