Mais uma atitude racista foi registrada e repercute pelas redes sociais. Após ser repreendida por espalhar lixo pela rua, uma mulher xingou um ambulante de “macaco” e ainda o ameaçou de morte. Não satisfeita, ainda desafiou que as autoridades fossem acionadas. “Chama mesmo, chama a polícia”, afirmou.
O caso aconteceu em Duque de Caxias, município da região metropolitana do Rio de Janeiro, na última sexta-feira (10). O BHAZ conversou com o autor do vídeo, Orlando Alves, para entender a situação. Segundo a testemunha, a mulher repetiu a ofensa “macaco” diversas vezes.
Segundo Orlando, o vendedor ficou revoltado com as agressões verbais, mas foi contido pelas pessoas ao redor que estavam o apoiando. “Eu comecei a filmar quando ela começou a xingar. Depois ela até ameaçou ele, falando que poderia chamar ‘os cara’ para poder dar tiro nele”, relata.
Vídeo mostra mulher chamando vendedor ambulante de “macaco”. Segundo testemunha, a polícia não atendeu aos chamados e a agressora foi embora de ônibus. pic.twitter.com/DuAKRnBAcJ
— BHAZ (@portal_bhaz) January 14, 2020
Um outro vídeo registrado pela testemunha mostra a mulher assumindo que teria espalhado o lixo pelo chão. “Eu fiz o negócio ali e ele se meteu. Eu estou na rua”, diz a mulher. O vendedor agredido então retruca: “eu trabalho aqui, a rua não é assim não, vai fazer isso na sua casa”.
A discussão teria começado quando a mulher espalhou um saco de lixo pelo chão, sem motivo. Quando o vendedor a repreendeu, ela começou os xingamentos. Um segundo vídeo mostraria ela assumindo o ato. pic.twitter.com/51dnrkapG4
— BHAZ (@portal_bhaz) January 14, 2020
Sem apoio policial
As imagens capturadas por Orlando mostram que a vítima afirma que acionaria a polícia. No entanto, a mulher não se intimida e retruca em tom de desafio. “Chama mesmo! Chama a polícia!”, rebate.
Orlando afirma que diversas pessoas que presenciaram a cena realmente acionaram a polícia quando ouviram as ofensas racistas. No entanto, ele relata que após aproximadamente 30 minutos, a polícia não apareceu e a mulher foi embora em um ônibus. Com isso, a mulher não foi identificada.
Procurada pelo BHAZ, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro se limitou a informar que a ocorrência não foi registrada – o que é evidente já que a corporação não teria atendido aos chamados. “Segundo o 15ºBPM (Duque de Caxias) não houve registro sobre este caso”, informam em nota.
Choro e desalento
Orlando explica que resolveu filmar toda a situação pensando em registrar as ofensas racistas. Após a mulher ir embora, ele ofereceu o material ao vendedor para que ele pudesse procurar as autoridades e tomar as medidas cabíveis.
No entanto, o homem, que trabalha no local vendendo doces e água, afirmou que não queria “levar isso pra frente”. “Ele ficou chateado, começou a chorar sozinho. Disse que nunca tinha passado por isso”, relata Orlando.
Denuncie o racismo
Existem diversos canais para denunciar o racismo, que é crime tipificado na Constituição Federal de 1988. A pena para essa infração pode chegar a cinco anos.
Caso a denúncia seja feita enquanto o crime acontece, a Polícia Militar deve ser acionada através do Disque 190. O agressor deverá ser encaminhado a uma delegacia para encaminhamento do processo.
Caso o crime já tenha ocorrido, a vítima pode procurar uma Delegacia de Polícia Civil para denunciar o caso. Segundo uma cartilha do Ministério da Justiça e Cidadania (veja aqui), deve ser fornecido o maior número de detalhes possível, incluindo contatos e nomes de testemunhas.
“Se o agente de polícia registrar um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência), insista que o crime não é de menor potencial ofensivo e deve ser investigado por meio de inquérito”, orienta a cartilha.
Existe, ainda, a possibilidade de denúncia através do Disque 100 – Disque Direitos Humanos. Esse é um serviço de atendimento telefônico gratuito, que funciona 24 horas por dia, 7 dias da semana. As denúncias recebidas são analisadas, tratadas e encaminhadas aos órgãos responsáveis.