O youtuber Pedro HMC concedeu sua primeira entrevista após a morte de Paulo Vaz, seu marido e ativista trans, que tirou a própria vida em março. Ao colunista Leo Dias, do Metrópoles, ele desabafou sobre a tragédia, que aconteceu um dia após o youtuber ter um vídeo íntimo com outro homem vazado.
Pedro revelou que uma pessoa que foi a sua casa vazou o vídeo em questão. “O cara foi embora e eu fui me dar conta do meu celular com milhares de notificações um tempo depois. Amigos me mandando mensagem, perguntando o que aconteceu”, disse.
“Quando eu fui ver a hora, quem estava em casa, vi a câmera do condomínio… eu não tenho uma prova cabal que isso aconteceu, mas eu mesmo não tinha lembrança de ter mexido nesse material”, reforçou o youtuber durante entrevista.
‘Maldade sem tamanho’
Na sequência, Pedro afirmou não entender o motivo da pessoa ter feito isso. “Não entra na minha cabeça, assim… uma maldade sem tamanho. Na hora eu nem pensei como aquilo aconteceu. Eu pensei se tinha sido hackeado, se tinha postado aquilo sem querer”, continuou.
O influenciador digital disse que revolve falar sobre o assunto para acabar com as especulações em torno do tema. “No primeiro mês eu não tinha condições nenhuma de falar. Até entre amigos íntimos eu ia contar a história e não conseguia, eu desabava. Eu fui super exposto e perdi a pessoa que eu mais amava, é muito difícil”, desabafou.
Depois do vazamento do vídeo, Pedro ficou assustado com a repercussão que o tema tomou na web. “Fiquei extremamente chocado com a quantidade de gays moralistas porque eu estava transando com outro cara num vídeo”, prosseguiu.
Contudo, a surpresa maior foi quando ele percebeu os ataques ao marido. “Parecia até que tinham mais pessoas julgando o Paulo do que o Pedro, o que mais me chocou é que eram homens gays falando tudo aquilo, eram LGBTs falando contra o Paulo, e falando coisas muito cruéis”, disse.
‘Nem no meu pior pesadelo’
Após o vazamento do vídeo, no mesmo dia, Pedro conversou com Paulo. O casal havia marcado uma conversa para falar sobre o assunto no dia seguinte. Porém, o papo não teve tempo de acontecer. “Nem no meu pior pesadelo eu pensava. Eu podia pensar que ele iria pedir divórcio, sei lá. Mas, perder ele…”, desabafou.
Ele disse que também não descarta o efeito negativo dos comentários de cunho transfóbicos. “Eram comentários do tipo: ‘Se o marido tivesse um pênis, não ia estar com outro’. Eram homens gays falando tudo aquilo. Fiquei extremamente chocado com a quantidade de gays moralistas. É muito difícil chamar como comunidade”, desabafou.
“O Paulo, além disso, estava com outras questões pessoais e profissionais e que estavam influenciando. […] Ele falava dessas questões dos plantões, que estavam mexendo muito com ele. Ser policial é um trabalho que a pessoa passa por muita pressão”, pontuou.
Assista a entrevista: