Presidente da Fundação Palmares lidera ataque racista nas redes sociais

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Sérgio Camargo debochou do cabelo afro do ator que, a partir disso, recebeu uma onda de comentários racistas (Reprodução/@sergiodireita/@guilanacleto/Instagram)

Sérgio Camargo, presidente da Fundação Palmares liderou, nessa sexta-feira (18), uma onda de ataques racistas ao ator que protagonizou uma reportagem da Tilt. Sérgio compartilhou uma matéria que tratava das dificuldades que as pessoas com cabelo afro têm no momento de usar um fone. Na legenda do Instagram, Camargo ironiza, dizendo “Corta o cabelo, pô!”. Nos comentários, uma série de comentários racistas são destinados ao ator que ilustra a reportagem.

“Meu Jesus, quanta estupidez. Essa juba num calor de lascar como é na minha cidade, acho q não aguentaria”, “Cadê a tesoura kkk” e “Cotonete de orelhão” foram alguns dos comentários na publicação de Sérgio. O ator que aparece na reportagem, Guil Anacleto, 27, disse à Tilt que foi pego de surpresa pelos ataques. “Eu fiquei muito assustado de ver tanto ódio e falta de empatia concentrados diretamente em mim”.

No Instagram, o ator fez uma publicação relatando o racismo que estava sofrendo na postagem de Sérgio Camargo. “Eu tô chorando pra c*ralho, tô desolado… são mais de 200 comentários debochados, sujos e pesados direcionados pra mim e dói pra c*ralho mas isso não vai me destruir”. Ele havia sido convidado pela coluna para falar sobre o racismo presente até mesmo nos itens eletrônicos. Veja o desabafo completo de Guil Anacleto:

“Quando você está na mira do canhão é muito mais assustador do que quando vê de fora. Apesar de dolorido, espero que esse caso mostre para as pessoas que o racismo existe sim e é muito cruel. Seguirei com a minha arte. Se estiver incomodando essas pessoas, então estou no caminho certo”, acrescentou Guil, em entrevista à Tilt.

Provocações de Sérgio continuaram

Sérgio Camargo não parou por aí. Mais tarde, no Twitter, o presidente da Fundação Palmares lançou uma série de tweets polêmicos, como de costume. “Ensinam pretos a defender seu ‘cabelo afro’, em vez da educação livre de doutrinação e do método Paulo Freire. Depois, com suas vastas cabeleiras, reclamam da “falta de oportunidades para pretos no mercado de trabalho”, declarou Sérgio.

Políticas contra conduta de ódio

A reportagem da Tilt, coluna autora da matéria usada por Sérgio Camargo para iniciar os ataques racistas, procurou o Instagram e o Twitter para tomarem as providências. Ambas as redes disseram que estão analisando a onda de agressão virtual.

O Twitter também declarou, através de uma nota, que “proíbe o comportamento abusivo e a conduta de ódio. Inclusive, a atualização da política contra conduta de ódio que passou a incluir, recentemente, a linguagem que desumaniza alguém devido à sua raça, etnia ou origem, foi consequência de uma consulta pública formal que fizemos às pessoas para entender como melhorar nossas regras”.

Edição: Vitor Fernandes
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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