Professor de medicina que gerou revolta ao questionar aluna sobre estupro ‘no seco’ é demitido

caso centro universitario
Centro universitário anunciou a decisão nessa sexta (Reprodução/@tantotupiassu/Twitter)

Um professor de medicina foi demitido após constranger uma aluna ao falar sobre estupro durante aula prática. O docente lecionava no Unifamaz (Centro Universitário Metropolitano da Amazônia), em Belém, no Pará. A decisão da instituição aconteceu após o caso viralizar nas redes socais e foi comunicada na noite de ontem (26).

O vídeo da aula foi publicado no perfil Tanto Tupiassu e mostra o professor alertando a aluna sobre o erro que ela cometia no processo de intubação. “A ponta está errada. Deixa ela errar. Está lubrificado isso tudo?”, indagou sobre o aparelho que seria introduzido no boneco que simulava um paciente.

Após a universitária dizer que achar que havia lubrificado, o professor a constrangeu fazendo alusão ao crime de estupro. “Não acha que estava coisa nenhuma. Quando a senhora for ser estuprada quero ver se a senhora vai levar um tubinho de KY [marca de lubrificante] pra facilitar a vida ou vai querer ser no seco mesmo?”, indagou o docente.

Demissão

A comparação usada pelo docente provocou a ira nas redes sociais, principalmente pelo fato da turma ser composta por mulheres. “A gente não passa um dia sem lidar com violência machista”, escreveu uma internauta.

O Comitê de Ética Disciplinar do Unifamaz adotou as “providências cabíveis” depois do ocorrido. O BHAZ entrevistou a advogada da aluna, ontem, e foi informado que a universitária está “muito abalada”.

Em nota assinada pela reitora Adriana Letícia dos Santos Gorayeb, a faculdade anunciou a demissão do professor. “A reitoria do Unifamaz informa que o docente envolvido no caso, a contar da presente data, não fará mais parte do corpo docente desta Instituição de Ensino Superior”, diz trecho do comunicado (leia na íntegra abaixo).

A decisão tomada segue, segundo a instituição, o compromisso com o “ensino de qualidade, pautados no respeito, dignidade humana e na integridade pessoal”. Também foi anunciada a criação da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio.

O Centro Universitário informou ainda que vem prestando “apoio-psicopedagógico” a todas as partes envolvidas no caso.

Nota do Unifamaz na íntegra

“O Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) vem a público ratificar que refuta com veemência qualquer atitude que viole o bem-estar da comunidade acadêmica e reforça seu compromisso com a formação de cidadãos éticos, portanto, repudia qualquer tipo de ato de assédio contra a mulher ou contra qualquer ser humano.

A Reitoria do UNIFAMAZ informa que o docente envolvido no caso, a contar da presente data, não fará mais parte do corpo docente desta Instituição de Ensino Superior.

Reafirmando seu compromisso com o ensino de qualidade, pautados no respeito, dignidade humana e na integridade pessoal, o UNIFAMAZ informa que está instituindo a Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio, que fará parte do Núcleo de Estudos Étnico-Raciais e Direitos Humanos já atuante na IES.

Enfatizamos que está sendo prestado apoio acadêmico-psicopedagógico a todas as partes envolvidas no fato ocorrido.

Belém, 26 de Novembro de 2021

Prof.(a). Me(a). Adriana Letícia dos Santos Gorayeb

Reitor(a) do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia – UNIFAMAZ”

Edição: Giovanna Fávero
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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