‘Ajude uma travesti a ser doutora’: Professora cria vaquinha após passar em 1º lugar de doutorado em Artes

isadora ravena
Isadora passou em primeiro lugar na seleção do doutorado em Artes da Cena da UDESC (Esllen Freitas/Divulgação)

“Ajude uma travesti a se tornar doutora”. Este é o apelo que uma professora de artes, moradora do Ceará, tem feito nas redes sociais nos últimos dias. Isadora Ravena, 24, é uma artista licenciada em Teatro e mestra em Artes pela Universidade Federal do Ceará e que, no começo do mês, foi aprovada em primeiro lugar na seleção do doutorado em Artes da Cena da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina).

Para custear a nova vida que a aguarda em Florianópolis, a pesquisadora conta com a solidariedade de uma grande rede de apoio que vem se formando. Ela criou uma vaquinha online que visa arrecadar o valor de R$ 9.600, que será investido em despesas básicas, como aluguel, contas de luz e água, internet e alimentação até que ela comece a ganhar a bolsa de doutorado.

“Sei que sou exemplo pra muitas travestis que sonham em um dia seguir a carreira acadêmica, que sonham em ter outra perspectiva que as arranque da prostituição (que é digna, mas não pode ser a nossa única alternativa). Estou aqui, pedindo sua ajuda e desde já grata, saiba que continuarei arrancando força e alegria ao futuro”, escreveu ela na plataforma de arrecadação.

Conquista coletiva

Ao BHAZ, a jovem conta que as aulas se iniciam em 15 de agosto. Na universidade, ela vai dar continuidade a sua pesquisa que analisa o papel que pessoas trans e travestis exercem dentro da arte. Para isso, ela terá orientação de ninguém menos que Dodi Leal – a primeira professora trans a se formar no ensino superior público na área de artes em todo o mundo.

“Na minha pesquisa busco entender que a travestilidade que a gente tem construída através da arte não pode estar dentro de uma prisão temática. Não é uma arte sobre ser travesti, mas que a travestilidade tem criado outras metodologias de criação”, explica.

Isadora sempre soube que a área acadêmica era sua grande paixão. É que, além de mudar a própria vida através da educação, na universidade ela ganhou a possibilidade de criar pontes para que cada vez mais pessoas como ela alcancem esse espaço.

“É uma conquista não só minha, mas coletiva. Nós enquanto travestis fazemos parte de uma população que é mínima na universidade. Temos pouquíssimas travestis na graduação e menos ainda na pós-graduação. Então ter uma travesti passando em primeiro lugar em um doutorado é a prova de que a gente pode sim construir saberes e que a universidade tem que estar pronta pra eles”, pondera,

Como ajudar?

Para contribuir com a estadia de Isadora Ravena em Florianópolis basta doar pela vaquinha online ou, ainda, pelo PIX [email protected]. “O que pode uma travesti doutora? O que pode uma doutora travesti? Vem construir comigo a minha história!”, escreveu a professora em uma rede social.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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