Uma professora universitária de 61 anos foi presa e autuada por injúria racial, depois de criticar tatuagens em peles negras e associá-las à escravidão. O caso ocorreu ontem (22) no Centro Universitário Faesa, em Vitória, no Espírito Santo. Juliana Zuccolotto foi autuada e liberada depois de pagar fiança.
A estudante de design de moda Carolina Bittencourt denunciou o caso nas redes sociais, ainda ontem. Em stories publicados no Instagram, a jovem aparece nervosa e chorando para contar sobre o que presenciou na faculdade.
“Acabei de passar por um preconceito na sala de aula pela professora Juliana Zuccolotto. Ela citou da tatuagem e começou a falar da origem dela, que veio do presidiário, da prisão. Estou muito nervosa, não estou conseguindo falar direito”, conta.
“Ela falou que era muito feio tatuagem, que era mais feio ainda para que tem pele negra, e que parecia pele encardida, quem tinha pele negra e tinha tatuagem. Estou muito nervosa”, completa a aluna.
Comparação com escravidão
De acordo com A Gazeta, a Polícia Militar informou que a professora teria pedido, em sala de aula, para que os alunos que tinham tatuagem levantassem a mão. “Após ela [Carolina] levantar, a mulher teria citado suas características físicas e dito que tatuagem em pele negra parecia encardido e que, também, jamais faria tatuagem nela, pois as marcas seriam coisas de escravos e ela não era escrava”, diz nota da corporação.
Os militares conversaram com Juliana Zuccolotto, que disse que “somente fez um comentário acerca da história do uso de tatuagem” e que “fora mal interpretada pela aluna”. A profissional se dispôs a ir à delegacia para esclarecer os fatos.
Procurada pelo BHAZ, a Polícia Civil do Espírito Santo confirmou que a professora foi conduzida à Delegacia Regional de Vitória e autuada em flagrante por injúria racial. “Como as penas não ultrapassam quatro anos de detenção, uma fiança foi arbitrada pela autoridade policial”, informa a corporação.
Juliana Zuccolotto foi liberada para responder em liberdade depois de pagar a fiança, e o caso seguirá sob investigação.
Afastada da faculdade
Procurado pelo BHAZ, o Centro Universitário Faesa informou que iniciou uma apuração dos fatos assim que tomou conhecimento do ocorrido. Segundo a instituição, a professora está afastada das atividades e um processo administrativo está em andamento.
“O Centro Universitário reafirma que repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição”, reforça.
Injúria racial
A injúria racial é um crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor, com a intenção de ofender a honra da vítima – é o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.
A pena para esse tipo de crime é de reclusão de um a três anos e multa.