Há exatamente 30 anos, o cruzeiro real dava lugar ao real, num plano de governo que buscava conter a hiperinflação e estabilizar a economia brasileira, num momento em que a população sofria com juros de até 80% ao mês. Ao longo dessas três décadas, apesar de o preço de alguns itens básicos ter subido muito, segundo especialistas, a situação do trabalhador era pior, já que a inflação diminui o poder de compra.
De lá para cá, a inflação alcançou a marca de 708% segundo o IPCA. Uma nota de R$ 100, hoje, descontada a inflação no período, equivalia a R$ 13,28 há 30 anos.
Já o salário mínimo, que em julho de 1994 era de R$ 64.79, teve uma valorização de 2.079% e, atualmente, tem o valor de R$1.412,00. A cesta básica, que custava R$ 68.56, passou para R$ 826.85, um aumento de 1.106%.
Mas, afinal, qual era e qual é nosso poder de compra atualmente? Nesse aniversário de 30 anos do Plano Real, o site MercadoMineiro e o aplicativo comOferta.com fizeram um levantamento do preço médio de diversos produtos e serviços, numa lista que dá a dimensão do quanto vale nosso dinheiro.
Compra do mês por menos de R$ 100
O leite tipo C de saquinho, que custava em média R$ 0.54, passou para os atuais R$ 6.38, um aumento de 1081%. O consumidor, que pagava R$ 4.58 no pacote de arroz Prato Fino de 5kg, atualmente paga, em média, R$ 33.75, um aumento de 637%.
O quilo da farinha de trigo (Vilma), que custava em média R$ 0.57, subiu para R$ 4.15, um aumento de 628%. Já a dúzia de ovos brancos, que saía por cerca de R$ 1.21, subiu para R$ 10.98, um aumento de 807%.
O quilo do frango resfriado, que custava em média R$ 1.04, atualmente custa R$ 10.95, um aumento de 953%.
O quilo de acém bovino custava R$ 2.50 há 30 anos. Hoje, sai R$ 28.85, um aumento de 1054%. Por 50g de pão francês, o consumidor pagava R$ 0.08. Agora, o valor da mesma quantidade chega a R$ 1.06, um aumento de 1.225%. Atualmente, o quilo do item custa R$ 21.20. O botijão de gás de 13 kg saía por R$ 5.38 e, atualmente, custa R$ 112.00, um aumento de 1.982%.
Somando os valores de todos esses produtos, há 30 anos o brasileiro gastaria, em média, R$ 15,90. Hoje em dia, os itens podem ser comprados por R$ 228,26, o que representa um aumento de 1.335%.
Feliciano Abreu, economista e coordenador da plataforma que fez o levantamento, disse que mesmo que o salário mínimo também tenha aumentado nos últimos 30 anos, alguns itens aumentaram acima da inflação, o que diminuiu o poder de compra.
“O salário mínimo aumentou mais de 2.000%. O que acontece é que, em alguns itens isolados, nós tivemos aumentos maiores, principalmente no transporte público, combustível e alimentação. É fato que, se voltarmos há 30, a situação do trabalhador era pior, já que a inflação diminui o poder de compra do trabalhador. Agora, não quer dizer que estamos vivendo a mil maravilhas, já que o salário continua baixo”, observou.
Também ficou bem mais caro se locomover
Ainda conforme a pesquisa, o litro da gasolina custava R$ 0.53 (tanque R$26.50) há 30 anos. Agora, em BH, o litro custa em torno de R$ 6.00 (total de R$ 300.00 num carro com tanque de 50 litros), um aumento de 1.032%.
O litro do álcool, por sua vez, custava R$ 0.42 (tanque R$21.00) e passou para R$ 4.18 (tanque R$209.00), um aumento de 895%.
A passagem de ônibus diametral, ou seja, linha que ligava dois bairros opostos ou de regiões diferentes passando pelo Centro, custava R$0,24 hoje tem o valor de R$5.25, com um aumento de 2.088%.
