Relatório de viagem de Bolsonaro para Rússia está sob sigilo até 2027

Sigilo só cairá em 27 de fevereiro de 2027
Sigilo só cairá em 27 de fevereiro de 2027 (Reprodução/Alan Santos/PR/Agência Brasil)

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil colocou sobre sigilo de cinco anos os relatórios da viagem feita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, em fevereiro. Os gastos e outras informações do presidente e de sua comitiva só poderão ser divulgados após o dia 21 de fevereiro de 2027. A viagem ocorreu poucos dias antes do início da invasão da Rússia à Ucrânia.

A decisão é do MRE recai sobre o documento produzido pela embaixada de Moscou e foi publicada em fevereiro deste ano. Porém, a descoberta do sigilo tornou-se pública apenas no último dia 12, em resposta ao requerimento de informações (RIC) apresentado pela bancada do PSol (Partido Socialismo e Liberdade) na Câmara dos Deputados.

Foram 15 perguntas ao todo, entre elas questionamentos sobre a agenda, participantes da comitiva e assuntos tratados durante a viagem. O documento ainda pergunta especificamente sobre o assunto tratado entre Bolsonaro e Vladmir Putin. Os parlamentares queriam saber se houve menções ao conflito iminente entre Rússia e Ucrânia e em qual tom a conversa teria ocorrido.

O questionamento que trata sobre o documento sigiloso pede para o MRE “encaminhar cópia de relatório da viagem, com descrição detalhada dos atos praticados pelo Governo Federal na Rússia, tais como os compromissos assumidos e os temas tratados com o Presidente Vladimir Putin, autoridades do governo russo e empresários”. Além disso, o documento solicita “atas das reuniões, documentos e informações relacionadas a acordos e compromissos assumidos, e demais documentos pertinentes”.

Resposta do Itamaraty

O Itamaraty respondeu aos parlamentares que comentar declarações do presidente durante a viagem “foge à competência institucional do MRE”. As respostas foram evasivas, o palácio não explicou porque Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente, fazia parte da comitiva nem deu maiores detalhes sobre seus membros.

O Itamaraty respondeu a questões como a sobre os gastos. De acordo com o palácio foram utilizados quase US$ 97 mil em diárias, mais de US$ 6 mil com intérpretes, cerca de US$ 125 mil com aluguel de veículos, US$ 12.595 com material de apoio ou escritório e US$ 890 com serviço de cerimonial. O ministério acrescentou que não houve gastos na viagem com o deputado Carlos Bolsonaro. “A designação da comitiva é da competência da Presidência da República”, afirmou.

Sobre os questionamentos que tratavam, a temática das conversas, como a menção ao aplicativo telegram ou a agenda LGBTQIA+, o Itamaraty disse que os tópicos não constavam no registro feito na Nota à Imprensa nº 24, publicada em 16 de fevereiro, com o título “Comunicado Conjunto do Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, e do Presidente da Federação da Rússia, Vladimir Putin”.

A bancada do PSol ficou insatisfeita em descobrir o sigilo dos documentos e com as respostas evasivas e apresentou um pedido de convocação do Chanceler Carlos França para prestar esclarecimentos.

Edição: Roberth Costa
Giulia Di Napoli[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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