Suspeita de homofobia: Jovem é assassinado a tiros em barbearia de SP

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Família e namorado da vítima acredita que o crime foi cometido por homofobia (Reprodução/Instagram)

Um jovem de 22 anos foi assassinado no final da tarde da última terça-feira (22) com dois a três tiros na cabeça dentro de uma barbearia. O crime ocorreu na cidade de Embu das Artes, na sub-região oeste da região metropolitana de São Paulo. Gabriel Carvalho Garcia deixa família e namorado, que acreditam que o crime foi cometido por homofobia.

O jovem estava na barbearia quando um homem, vestido com roupa preta e um capuz na cabeça, entrou no local e atirou na nuca da vítima. Segundo o dono da barbearia relatou à polícia, o suspeito surgiu de forma repentina no local, atirou em Gabriel e fugiu em seguida.

Gabriel morava com a família na zona Leste de São Paulo. Ele teria ido até o local, indicado por conhecidos, para cuidar do cabelo. Em publicação nas redes sociais, o namorado do rapaz fez um desabafo e explicou que os dois moraram juntos por um tempo, mas precisaram voltar para a casa dos pais por conta de problemas financeiros que surgiram na pandemia.

“Recentemente, há duas semanas, Gabriel conseguiu emprego, fiquei tão feliz por ele, que os olhos dele enchiam de lágrima, contando seus sonhos, e um deles era da gente voltar a ter nosso lar, pra ficar juntinho todos os dias”, disse o jovem na publicação. O namorado do rapaz também apontou a suspeita de homofobia: “Mataram ele pelo que ele é, por ele ser feliz, por ele amar”.

Possível motivação

Ao BHAZ, o advogado de defesa e membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Ariel de Castro Alves, afirmou que trata-se de um caso de execução, e que a hipótese do assassinato ter sido motivado por homofobia não está descartada.

“Por ser um assassinato tão brutal de um jovem que tinha toda a vida pela frente, a investigação precisa ter prioridade. A motivação homofóbica não pode ser descartada, conforme os relatos de amigos e familiares. Essa possível motivação torna o crime ainda mais grave”, explica Ariel.

“Após receber as informações sobre o crime, por meio do ativista Agripino Magalhães, da aliança LGBTI+, contatei a delegacia seccional da região, que me informou que foi instaurado um inquérito no 1º DP de Embu das Artes para apurar o homicídio qualificado da vítima”, afirmou o advogado.

No mês do Orgulho LGBTQIA+

A morte de Gabriel causou indignação nas redes sociais. Ativistas e apoiadores do movimento em prol da vida das pessoas LGBTI+ exigiram justiça pela vida do rapaz e a tag #JustiçaPorGabriel ficou entre as mais comentadas no Twitter. A vítima, que era homossexual, morreu no mês em que se comemora as conquistas da comunidade LGBTI+.

Em entrevista ao G1, a mãe, o irmão e o namorado de Gabriel afirmam que o crime pode ter sido motivado por homofobia. “Gabriel era um menino muito iluminado e amado pela família. Meu coração está cortado. Acredito que possa ter sido homofobia. Foi muita maldade”, disse a vendedora Elglanty Carvalho Garcia, de 53 anos, mãe de Gabriel.

“Eu também acredito que seja homofobia. E, em segundo caso, pode ter sido uma emboscada ou até quem o matou pode tê-lo confundido com outra pessoa e atirado nele”, falou o analista financeiro Victor Carvalho Garcia, de 24 anos, irmão da vítima.

O que diz a polícia?

Procurada pelo BHAZ, a Polícia Civil do Estado de São Paulo afirmou que as investigações já foram iniciadas, mas não deu mais detalhes sobre a captura do suspeito e possíveis motivações do assassinato.

“As investigações foram encaminhadas ao 1º DP do município, que instaurou inquérito policial. As diligências estão em andamento visando à elucidação de todas as circunstâncias relativas aos fatos”, diz trecho da nota (leia na íntegra abaixo).

No início da tarde desta sexta-feira, o BHAZ também entrou em contato com o 1º Departamento Policial de Embu das Artes, que, segundo a Polícia Civil, lidera as investigações. O departamento não quis responder aos questionamentos da reportagem.

Nota da Polícia Civil na íntegra:

O caso foi registrado, na última terça-feira (22), como homicídio pela Delegacia de Embu das Artes. As investigações foram encaminhadas ao 1º DP do município, que instaurou inquérito policial. As diligências estão em andamento visando à elucidação de todas as circunstâncias relativas aos fatos.

Edição: Giovanna Fávero
Jordânia Andrade[email protected]

Repórter do BHAZ desde outubro de 2020. Jornalista formada no UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) com passagens pelos veículos Sou BH, Alvorada FM e rádio Itatiaia. Atua em projetos com foco em política, diversidade e jornalismo comunitário.

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