‘Tem iPhone e mora na favela’: Adolescente rebate crítica elitista e resposta viraliza

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Rena Faria mostrou itens de sua casa e disse: ‘Na favela também tem, sabia?’ (Reprodução/TikTok)

Renan Faria, jovem morador da Comunidade do Batan, em Realengo (RJ) compartilhou um TikTok mostrando televisão, quarto, roupas e outros itens após receber, em um de seus vídeos, um comentário criticando o fato de ele “ter iPhone e morar na favela”. O adolescente chamou a atenção para um estereótipo sobre pessoas periféricas, que muitas vezes são retratadas em situação de miséria.

“Eu acho que existe muito esse estereótipo vindo do pessoal de classe alta. Eles viram o filme ‘Cidade de Deus e acham que é aquilo, eles esquecem que o pessoal da favela trabalha”, comenta Renan Faria, de 17 anos, em entrevista ao BHAZ.

No TikTok em questão, o adolescente gravou o vídeo em resposta a um internauta que disse: “Gravando com iPhone e com iPhone na cintura e mora na favela, ah tá kkkkk”. Renan conta que o vídeo em que o comentário foi deixado era sobre o dia a dia de um morador do Rio de Janeiro.

‘Na favela também tem TV’

Por conta disso, o jovem postou um novo registro mostrando algumas partes de sua casa. Nele, Renan Faria ironizou, dizendo: “Eu também tenho uma televisão, sabia? Na favela também tem. Eu tenho roupa também, sabia que o pessoal da favela também tem roupa? É novidade, eu acho”.

Quando perguntado de onde surgiu a ideia para gravar a resposta simples, mas que deu conta do recado, Renan explica que foi uma coisa que passou pela sua cabeça na hora: “Foi a coisa mais inteligente que eu poderia fazer, se eu tivesse xingado, ele não entenderia o recado”.

‘Quando preto conquista, é roubo’

Nos comentários, várias pessoas deixaram suas opiniões sobre o estereótipo acerca das conquistas de uma pessoa preta e favelada. “Quando preto conquista algo, é porque do roubo, doado, mas se um branco playboy tem as coisas, é fruto do trabalho, vai entender”, disse uma pessoa.

“Mano, as pessoas pensam que só porque alguém mora na favela, que não vai ter nada disso, eu fico tipo??? Em que mundo essa pessoa vive?”, apontou uma outra usuária. “Aff achei que você morava numa caixa de papelão”, ironizou uma terceira pessoa. Confira o TikTok:

@021_nanzin

Responder @amigodasoso por isso não gosto de playboy ##fyp

♬ som original – Nanzinho

Garoto trabalha com os pais

Ainda sobre o comentário carregado de estereótipos que recebeu, Renan Faria explica que foi a primeira vez que lhe disseram isso. Segundo ele, outras pessoas apareceram e acabaram fazendo apontamentos parecidos: “Eu ia sempre olhando o perfil de quem estava comentando e eram sempre pessoas brancas”.

O adolescente conta que os pais são donos de duas óticas, uma localizada em Realengo e a outra em Bangu, no Rio de Janeiro. “Nossa primeira loja fica dentro do Batan. Foi a nossa comunidade que nos ajudou a crescer”, relata Renan, orgulhoso.

Ele também não deixa de ressaltar que suas conquistas vêm de seu trabalho na ótica dos pais. “Desde os 14 anos, eu trabalho com eles, eles têm ótica há 9 anos, e eu vi que poderia ajudar eles. Então desde sempre eu estudei e trabalhei”, finaliza o garoto, que agora está no 3° ano do Ensino Médio.

Edição: Giovanna Fávero
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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