A reitoria da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) encaminhou às autoridades policiais o caso de uma aluna da instituição que comemorou o aniversário com um bolo em “homenagem” a Adolf Hitler. Caroline Gutknecht cursa história, e compartilhou as fotos de sua comemoração com a sobremesa personalizada com o rosto do líder nazista. A festa de aniversário aconteceu em setembro.
“E aqui a hora do parabéns, estava ótimo”, escreveu a aluna da UFPel na legenda da foto, em que apareceu em frente ao bolo. Em uma outra imagem, é possível ver aniversariante segurando os balões da festa, que dizem “mais amor, menos guerra” e “o mundo é das mulheres”.
Aluna da Universidade Federal de Pelotas fez “bolo de Hitler” para comemorar seus 24 anos.
— Sérgio A J Barretto (@SergioAJBarrett) October 18, 2021
Enquanto Bolsonaro estiver solto, esse pessoal também se sente livre para fazer essas coisas pic.twitter.com/66q7VDyrr4
Aparentemente o twitter apagou a foto do Bolo de Hitler….pq expor neonazi agora deve ser bullying tbm…..
— Luiz Guerra (@LuizGuerra95) October 12, 2021
Vou refrescar a memoria dele (e de vcs) tbm entao: https://t.co/WRsH67WK5W pic.twitter.com/friRYiSm49
UFPel não afasta aluna
Ao BHAZ, a UFPel informou que a instituição encaminhou o caso para a Polícia Civil, e que as autoridades irão averiguar o caso. Ademais, a instituição disse que não afastou a aluna, “em função de que o ocorrido foi fora do ambiente da universidade”.
A reitoria também divulgou uma nota de repúdio contra “qualquer forma de enaltecimento ao nazismo, ao fascismo e a autores de crimes contra a Humanidade”. “A UFPel está acompanhando e averiguando os fatos ocorridos recentemente com a cautela necessária, também para que não aconteçam atos injustos, devido a análises intempestivas de nossa parte”, diz trecho da nota (leia na íntegra abaixo).
A reitora Isabela Andrade reiterou, em nota ao BHAZ, que a universidade repudia “qualquer apologia ao nazismo ou qualquer outra forma de discriminação”. Além disso, a reitora adiciona que como o fato não ocorreu nas dependências da universidade, a UFPel encaminhou para a polícia para que sejam tomadas “as providências adequadas”.
O BHAZ também tentou contato com Caroline Gutknecht, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Divulgação do nazismo é crime
Segundo a lei federal antirracismo (Lei 7.716, de 1989), é proibido “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
Além disso, a lei também proíbe divulgar o nazismo “por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza”. A pena é de reclusão de dois a cinco anos e multa.
Nota da UFPel na íntegra
Uma universidade precisa ser um espaço de apoio a todas as pessoas, garantindo direitos, valorizando a vida. A UFPel é contra qualquer forma de enaltecimento ao nazismo, ao fascismo e a autores de crimes contra a Humanidade. Em dias tão tristes como os que estamos vivendo, de pandemia, de afastamento e de crise de valores, precisamos cuidar de nós, cuidar das pessoas à nossa volta, assim como daqueles e daquelas que necessitam do nosso apoio.
Nesse sentido, a UFPel está acompanhando e averiguando os fatos ocorridos recentemente com a cautela necessária, também para que não aconteçam atos injustos, devido a análises intempestivas de nossa parte.
Disponível em: https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2021/09/30/nota-da-gestao-da-ufpel/
A assessoria da reitora Isabela Andrade também reitera que, concretamente, “repudiamos qualquer apologia ao nazismo ou qualquer outra forma de discriminação. Além disso, tendo em vista que o fato não ocorreu nas dependências da universidade e nem em qualquer atividade acadêmica, ao recebermos a notícia dos fatos, encaminhamos imediatamente à autoridade policial para as providências adequadas”.