Unesp afasta professor após acusações de assédio sexual contra alunas; docente nega

Um professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) foi afastado preliminarmente, por 180 dias, após acusações de assédio sexual contra alunas da instituição. A decisão contra Marcelo Magalhães Bulhões foi oficializada por meio de um comunicado emitido nessa quarta-feira (6), pela Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC). O docente nega e diz ser vítima de calúnia.

“A Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC) informa que na manhã desta quarta-feira (06), a pedido da Comissão de Sindicância instituída para investigar as acusações de assédio sexual que recaem sobre um docente da universidade, após discussão sobre os fatos e documentos que instruem o processo, deliberou pelo afastamento preliminar oficial do referido servidor pelo período de 180 dias, conforme legislação em vigor”, diz trecho da nota (leia abaixo na íntegra).

Segundo a instituição, o prazo para a conclusão das atividades da Comissão é de 60 dias, “assegurados o contraditório e a ampla defesa”. A universidade ainda afirma que “toda e qualquer prática de assédio não é tolerada e ressalta a importância da formalização de denúncias, nos vários canais, como a Ouvidoria da Unesp”.

O caso veio a tona após a divulgação de trocas de supostas mensagens com o professor por meio de cartazes expostos no campus, na última sexta-feira (1º). Os papéis mostravam as conversas que seriam com Marcelo. Em uma delas, o professor dizia: “a verdade é que nosso desejo não passa”.

Outras imagens mostravam trocas de e-mails nas quais o professor pedia para alunas manterem contato por WhatsApp. Ele até solicitava que fosse usada uma “foto abstrata”.

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Alunas denunciaram professor com cartazes mostrando mensagens de assédio (Reprodução/Redes sociais)

Professor diz que cartazes foram ‘forjados’

Por meio de nota (leia abaixo na íntegra), o professor nega as acusações e diz que ficou “estarrecido” com os cartazes “forjados”. “Estou ainda chocado. De modo semelhante, foi com enorme e desagradável surpresa que em 2019, em postagem no Facebook, recebi uma acusação de assédio”, disse o professor em trecho da nota em que relembra que já foi acusado de assédio em outra oportunidade.

Contudo, a faculdade arquivou o assunto. “No curso do processo, aliás, recebi depoimentos de incondicional apoio e elogio ao meu profissionalismo, escrito por dezenas de alunas que foram minhas orientandas”.

“Só posso afirmar que estou absolutamente estarrecido diante de uma situação que julgo absurda. Os cartazes, aliás, foram anonimamente forjados e afixados no campus. Sou docente da Unesp desde 1994, ou seja, trata-se de 28 anos de trabalho em sala de aula, tendo atuado ao lado de milhares de alunos, sem que qualquer mínimo indício concreto do que se pode ser classificado como assédio possa ser apontado”.

O professor ainda diz que entende as legítimas e importantes demandas da atualidade, que são as lutas “contra o racismo, movimento feminista”. “Têm produzido uma mobilização de empatia diante de causas de enorme relevo. Nesse caso, todavia, estou sendo vítima de calúnia, cuja propagação em tempos digitais é implacável”.

Nota da Unesp

“A Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC) informa que na manhã desta quarta-feira (06), a pedido da Comissão de Sindicância instituída para investigar as acusações de assédio sexual que recaem sobre um docente da universidade, após discussão sobre os fatos e documentos que instruem o processo, deliberou pelo afastamento preliminar oficial do referido servidor pelo período de 180 dias, conforme legislação em vigor.

O prazo para a conclusão das atividades da Comissão é de 60 dias, assegurados o contraditório e a ampla defesa. Por oportuno, A FAAC reitera que toda e qualquer prática de assédio não é tolerada e ressalta a importância da formalização de denúncias, nos vários canais, como a Ouvidoria da Unesp”.

Nota de Marcelo Bulhões

“Foi com estarrecimento que fiquei sabendo que cartazes falsos, forjados, foram afixados no campus com teor acusatório a mim. Estou ainda chocado. De modo semelhante, foi com enorme e desagradável surpresa que em 2019, em postagem no Facebook, recebi uma acusação de assédio. Naquela altura, ao tomar conhecimento que um coletivo da Unesp havia feito acusações com esse teor, solicitei uma reunião com o grupo de alunas. Elas recusaram o diálogo. Solicitei essa reunião por, naquela altura, estar totalmente perplexo diante das acusações.

Uma comissão de sindicância foi, então, constituída pela FAAC – Unesp. Após um processo de investigação, o arquivamento do processo se fez precisamente por afiançar que nenhuma ação do teor de assédio foi por mim cometida. No curso do processo, aliás, recebi depoimentos de incondicional apoio e elogio ao meu profissionalismo, escrito por dezenas de alunas que foram minhas orientandas (mestrado, doutorado e iniciação científica). Portanto, só posso afirmar que estou absolutamente estarrecido diante de uma situação que julgo absurda.

Os cartazes, aliás, foram anonimamente forjados e afixados no campus. Sou docente da Unesp desde 1994, ou seja, trata-se de 28 anos de trabalho em sala de aula, tendo atuado ao lado de milhares de alunos, sem que qualquer mínimo indício concreto do que se pode ser classificado como assédio possa ser apontado. Atingem-me do modo mais vil. Entendo que legítimas e importantes demandas da atualidade – luta contra o racismo, movimento feminista – têm produzido uma mobilização de empatia diante de causas de enorme relevo. Nesse caso, todavia, estou sendo vítima de calúnia, cuja propagação em tempos digitais é implacável.”

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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