Vélez, ministro da Educação, é demitido por Bolsonaro; veja suas polêmicas que deram o que falar

Sai Vélez e entra o economista Weintraub (Marcello Casal Jr./Agência Brasil+YouTube/Reprodução)

O presidente Jair Bolsonaro anunciou em sua conta pessoal do Twitter nesta segunda-feira (8) a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Bolsonaro informou também que o novo ministro será o economista Abraham Weintraub.

Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto nesta segunda, pouco antes do anúncio da demissão do agora ex-ministro.

Sexta-feira passada (5), em um café da manhã com jornalistas, o presidente Bolsonaro disse que o ministro poderia deixar o cargo nesta segunda: “Segunda-feira vai ser o dia do ‘fico ou não fico”. Pouco depois da declaração do presidente, Vélez declarou que não entregaria o cargo.

No café, Bolsonaro também afirmou que não havia rivalidade entre a ala ideológica do governo – influenciada pelo escritor Olavo de Carvalho – e a corrente militar, composta por generais que integram altos cargos no Executivo federal.

No fim de março, a jornalista do sistema Globo Eliana Cantanhêde anunciara a demissão de Vélez como certa, o que foi desmentido pelo presidente, que alegou sofrer de ‘fake news’ envolvendo seu nome.

‘Guerra interna’ e coleção de polêmicas

Colombiano naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez tomou posse no cargo em 1º de janeiro e enfrentava uma “guerra interna” no Ministério da Educação provocada por desentendimentos entre militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho.

Entre as várias polêmicas nas quais foi protagonista estão:

  • a proposta de mudança nos livros didáticos brasileiros, para revisar como os textos tratavam a ditadura militar e o golpe de 1964;
  • o pedido para que escolas filmassem os alunos cantando o Hino Nacional e enviassem o vídeo ao MEC;
  • disse em entrevista que o brasileiro ‘parece um canibal quando viaja ao exterior’;
  • afirmou que a universidade não é para todos.
  • o anúncio da demissão o secretário-executivo adjunto do MEC, Eduardo Miranda Freire de Melo, e a demissão do então presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep);

Além disso, desde o início da sua gestão, em janeiro, houve pelo menos 14 trocas em cargos importantes no Ministério da Educação. No mês passado, Vélez exonerou seis funcionários comissionados, entre eles o secretário-executivo Eduardo Miranda Freire de Melo ; o assessor especial Silvio Grimaldo de Camargo; e do chefe de gabinete, Tiago Tondinelli. Em nota, o MEC afirmou que tratava-se de uma reorganização do ministério.

‘Brasileiro viajando é canibal’

Em fevereiro, em entrevista à revista Veja, Ricardo Vélez disse
que “o brasileiro viajando é um canibal”. A declaração causou polêmica. Dias depois, ele respondeu via uma conta pessoal em rede social: “Amo o Brasil e o nosso povo, de forma incondicional, desde a minha chegada aqui, em 1979 e, especialmente, desde a minha naturalização como brasileiro, em 1997.”  Segundo Vélez, a revista “colocou palavras minhas fora de contexto. Peço desculpas a quem tiver se sentido ofendido”, disse.

Em janeiro, Vélez publicou um vídeo na sua conta do Twitter, reforçando que a universidade não devia ser voltada para todos, mas para aqueles que desejam ingressar no ensino superior e que devem ter condições de competir por uma vaga. 

“Universidade, do ponto de vista da capacidade, não é para todos. Somente algumas pessoas que têm desejos de estudos superiores e que se habilitam para isso entram na universidade”, disse ele, no vídeo.

Quem é Abraham Weintraub

Próximo ao chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), de quem era secretário-executivo, Weintraub faz parte da equipe de Bolsonaro desde novembro, quando foi formado o gabinete de transição.

Junto com o irmão, o advogado Arthur Weintraub, Abraham foi responsável pela área de Previdência no período. Os dois foram indicados a Bolsonaro por Lorenzoni. O ministro da Casa Civil conheceu os irmãos Weintraub em um seminário internacional sobre Previdência realizado, em 2017, no Congresso Nacional.

Graduado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP), em 1994, e mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Weintraub é professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Diferentemente do que foi dito por Bolsonaro no Twitter, o novo ministro da Educação não informa em seu currículo oficial ter doutorado.

O título de doutoramento de Weintraub tampouco figura na Plataforma Lattes, ligada ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É nesta plataforma que os doutores e mestres brasileiros, além de estudantes e pesquisadores, postam seus currículos profissionais. A Lattes é padrão nacional no registro da vida pregressa e atual dos pesquisadores e é adotada pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do país.

Em sua carreira, atuou no mercado financeiro por mais de 20 anos. Na iniciativa privada, trabalhou no Banco Votorantim por 18 anos, como economista-chefe e diretor, e foi sócio na Quest Investimentos.

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