Vídeo mostra PM enforcando funkeiro após cantor reclamar de multa

MC Salvador agredido
Vídeo mostra a ação da polícia na comunidade (Reprodução/redes socais + Google StreetView)

Vídeos que circulam pela internet mostram o cantor MC Salvador da Rima sendo enforcado na tarde de hoje (27) por policiais no meio de uma multidão, na Zona Leste de São Paulo. Além disso, um amigo e a esposa também aparecem sofrendo agressões dos policiais. De acordo com o relato de pessoas que estavam no lugar, o embate começou depois que o cantor reclamou de uma multa.

No primeiro momento da gravação, consegue-se ver o cantor sendo retirado de uma residência por PMs, com a camisa rasgada. Ele é chutado, imobilizado e enforcado. Um amigo também foi rendido pelos policiais militares com mata-leão e chutes. Em outro vídeo, a esposa, que estava filmando a ação da polícia, tem o seu celular pego por um dos militares.

Durante a detenção, ela estava aos gritos. “Estão agredindo o meu marido, solta ele”, diz. Enquanto é agredido, pode-se escutar o cantor pedindo por ajuda: “Socorro, senhor, eu não devo nada”, justifica.

Segundo os amigos do funkeiro, os policias não tinham gostado da música que tocava em um carro em frente à residência onde ocorria uma festa. Desta forma, aplicaram a multa, mas o cantor reclamou com os policiais. Os companheiros ainda alegaram que estavam próximos de partir para um jogo de futebol beneficente.

“Não tinha droga, bebida alcoólica, estávamos indo para um jogo de futebol beneficente para arrecadar para as famílias mais carentes da comunidade do Paraisópolis”, disse um dos amigos, em vídeo publicado na rede social. Ao invés de irem ao jogo, parte das pessoas se dirigiram à delegacia que os militares informaram aos amigos que Gabriel Salvador seria encaminhado.

No entanto, ao chegarem no local indicado, no 67º Distrito Policial, no Jardim Robru, na Zona Sul de São Paulo, não acharam Gabriel. Como saíram depois da viatura de polícia, desconfiaram. “Os caras quase mataram o Gabriel e ele nem chegou aqui na delegacia. Os caras estão rodando com ele, os cara sumiram com o Gabriel, e com meu celular lá dentro”, disse a esposa.

Os policias se esqueceram de desligar a transmissão ao vivo no celular da esposa de Gabriel e mais um vídeo repercutiu na rede social, desta vez da conversa dos policias dentro da viatura, pensando em formas de forjar o caso. “Machuca a mão aí, o rosto, falou que nós era equipe de gordo, gordo não, maromba. Eu bato a testa aqui já”, disse um dos militares.

Truculência

Em um momento do vídeo, policiais chegam e atiram gás de pimenta contra as pessoas que acompanhavam a detenção. O vídeo de uma senhora viralizou na internet, revoltada com o tratamento recebido pela polícia. “Eu estava aqui em casa, esses policiais invadiram a minha casa, me empurraram, jogaram spray de pimenta. Eu sou recém-transplantada, tô com uma hérnia imensa, eu quero justiça, isso não é justo”, reclamou.

Em contato com UOL, a defesa do cantor explicou que a confusão teve início após um policial multar um carro que estava estacionado na frente da casa de Salvador. Ao questionar o motivo da multa, o artista teria discutido com um policial, que deu voz de prisão por desobediência.

“Por conta dessa mera obediência, invadiram a casa do artista, o agrediram e agrediram a sua esposa. Em razão das dezenas de vídeos que circulam nas redes, em nítida demonstração de excesso e flagrante violência o Departamento Jurídico da GR6 irá apurar os fatos a fundo”, disseram.

Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse estar apurando o caso.

Repercussão

O assunto virou o mais falado no Twitter. Muitos internautas apontaram a diferença de tratamento com as pessoas de classe média e alta e com quem mora nas comunidades. “Em Alphaville é diferente de Alphavella!! O sistema é sujo”, disse um usuário.

“Engraçado que quando foi o boyzão em Alphaville eu não vi vocês se indignando assim”, disse mais um. Outro usuário postou o verso de uma música para expressar a sua revolta com o acontecido.”Tem milhões de George Floyd morrendo no morro. E no Alphaville é ‘não pisa na minha calçada’ e na polícia é ‘seu polícia não pisa no meu pescoço'”, diz o trecho.

Edição: Vitor Fernandes

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