‘Vidro fosco’: Zé Neto faz alerta sobre cigarro eletrônico após descobrir problema no pulmão; especialista explica condição

Zé Neto
Cantor disse que já está finalizando o tratamento (Reprodução/@zenetotoscanooficial/Instagram)

O cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, está passando por um tratamento após a condição de “vidro fosco” ser constatada no pulmão do artista. Na madrugada desta quarta-feira (22), ele afirmou que o problema pode ter sido causado pelo uso do “vape”, o cigarro eletrônico, e fez um alerta.

“Tá tudo bem, realmente passei por um problema sério do pulmão, devido a cigarro desses ‘vaper’, inclusive dou o alerta para quem mexe com essa bosta, para com isso, porque é um cigarro como qualquer outro e faz mal do mesmo jeito ou até mais”, disse Zé Neto.

Por meio de nota, a assessoria de imprensa do artista informou que ele “está com foco de vidro no pulmão não é nada grave, mas causa um pouco de falta de ar para cantar”. Segundo o comunicado, o problema também pode ser resquício da Covid-19, já que Zé Neto testou positivo para a doença em junho de 2020.

“Tá tudo bem, obrigado a quem rezou por mim, pessoas que desejaram coisas boas para mim, mas tá tudo bem. Terminando o tratamento, mais alguns dias e já tô zero, 100%, mas já tô 99”, completou o cantor por meio de vídeo publicado no Instagram.

Vidro fosco

A condição de “foco de vidro no pulmão” é mais frequentemente chamada de “vidro fosco” e pode, realmente, ser uma consequência do uso de cigarros eletrônicos. É o que explica o médico pneumologista Evandro Carvalho.

De acordo com o especialista, “vidro fosco” é uma alteração de tomografia que indica inflamação do parênquima pulmonar, que é onde ocorre a troca gasosa, provocando baixa de oxigênio no sangue e falta de ar.

A condição recebe este nome porque a tomografia fica com aparência de vidro fosco. Ela não indica uma doença específica, pois pode ser constatada em diferentes casos.

“O problema pode ser causado pelo cigarro eletrônico porque a fumaça dele é muito mais fina do que a do cigarro normal. Com isso, ela vai mais longe e atinge a parte mais terminal do pulmão, podendo causar essa inflamação”, explica o pneumologista.

A condição também pode ser causada pela infecção pela Covid-19. “Ainda não se sabe se o vidro fosco causado pela doença é temporário ou permanente, normalmente é temporário mas podem existir casos em que ela persiste. O problema também pode ter sido causado por uma combinação do cigarro eletrônico com a Covid-19, um alimentando o outro”, completa Evandro Carvalho.

De acordo com o médico, o tratamento para a condição depende da origem do problema, mas costuma ser feito por meio de medicamento e fisioterapia. Ele ainda alerta para os perigos ainda não conhecidos do uso a longo prazo do cigarro eletrônico, já que a tecnologia é recente.

Perigo para crianças e adolescentes

Além do “vidro fosco”, o cigarro eletrônico pode acarretar uma série de problemas de saúde. A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) alertou, em 2019, para o perigo do “vape” para crianças e adolescentes, já que o produto contém aditivos ou essências.

Até novembro de 2019, nos Estados Unidos, foram registrados 2.172 casos de jovens que desenvolveram quadros respiratórios e 42 mortes foram confirmadas pelo Centers For Disease Control and Prevention (CDC).

“Já existem dados sobre os efeitos de curto prazo do uso do cigarro eletrônico: diminuição da função pulmonar, maior risco de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e aumento do risco de crise anginosa, além de danos ao sistema imunológico”, alerta a SBPT por meio de nota.

A entidade defende a permanência da resolução RDC 46/2009, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que proíbe a produção, distribuição e comercialização de todo e qualquer produto classificado como “dispositivo eletrônico para fumar (DEF)”, contendo ou não nicotina e tabaco.

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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