O aumento de casos de coqueluche em Minas Gerais acende um alerta para profissionais de saúde em todo o estado. Foram registrados 88 casos de coqueluche só na primeira metade do ano. O número representa um salto considerável em relação a 2023, quando foram confirmados apenas 13 casos da doença. Na capital Belo Horizonte, os testes positivos chegaram a 39 até o dia 22 de julho.
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De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), a doença é altamente transmissível e afeta principalmente crianças pequenas. A baixa cobertura vacinal é apontada como uma das principais causas do surto, que apresenta maior risco para a população infantil. A coordenadora do Programa de Imunizações da SES-MG, Josiane Gusmão, explica: “O esquema vacinal contra a coqueluche é realizado em crianças menores de um ano, com aplicação de três doses da vacina pentavalente, que imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, haemophilus influenzae do tipo b e hepatite B, administrada aos dois, quatro e seis meses de vida”.
“Aos 15 meses e aos 4 anos de idade, são realizados os reforços contra a doença com vacina DTP, que é indicada para prevenir a difteria, o tétano e a coqueluche (ou pertussis). É muito importante que a criança tenha o seu esquema completo para ela ser considerada protegida”, alerta.
Em Minas Gerais, segundo informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), até o dia 11/6, a cobertura vacinal em 2024 (de janeiro a abril), da pentavalente, em menores de 1 ano, é de 80,13%, e da vacina tríplice bacteriana (DTP), em crianças de 15 meses, é de 74,90%. A meta recomendada para as duas vacinas é de 95%.
Em 2023, a cobertura para as duas vacinas ficou abaixo da meta recomendada. A pentavalente ficou em 87,57% e a DTP 1º reforço ficou em 80,84%.
Josiane Gusmão reforça que os imunizantes estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas Unidades Básicas de Saúde ou em salas de vacina dos municípios, e fazem parte da rotina de vacinação.
O que é coqueluche?
Coqueluche, também conhecida como tosse comprida, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Bordetella pertussis. Ela afeta principalmente o sistema respiratório e se caracteriza por uma tosse seca e forte. Essa doença é altamente contagiosa, podendo se espalhar facilmente de uma pessoa para outra por meio de gotículas que saem na fala, espirro ou tosse. Em bebês e crianças, pode resultar em um número elevado de complicações e até mesmo no óbito.
Sintomas
Os sintomas da coqueluche costumam aparecer em três fases, durando de 6 a 12 semanas:
Fase catarral (1 a 2 semanas):
- Nariz escorrendo (Coriza);
- Febre baixa;
- Espirros;
- Tosse leve e ocasional com aumento gradual que segue a próxima fase.
Fase paroxística (2 a 6 semanas):
- Tosse intensa e rápida, que pode durar vários minutos;
- Tosse com um som característico de “guincho” ao final;
- Vômitos após os episódios de tosse;
- Fadiga extrema após os episódios de tosse.
Fase de convalescença (semanas a meses):
- Redução gradual da tosse;
- Episódios de tosse podem reaparecer com a instalação de outras infecções respiratórias.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por meio de exames clínicos e laboratoriais. A cultura (exame padrão ouro) e o PCR coletados por meio de swab da nasofaringe devem ser sempre priorizados. A coleta deve ser realizada em até 72 horas do início da administração dos antibióticos.
O tratamento é feito com antibióticos, que são essenciais para eliminar a bactéria e reduzir a transmissão da doença. Além disso, são recomendados cuidados de suporte que incluem repouso, hidratação adequada e medicamentos para aliviar os sintomas. É indispensável a manter o paciente isolado até o término do antibiótico para evitar a propagação da doença.
Vacinação
A vacina contra coqueluche faz parte do calendário de vacinação infantil do Ministério da Saúde e é oferecida gratuitamente pelo SUS. Na rede, o esquema vacinal é feito com três doses da pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de vida, seguidas de reforços com a vacina DTP aos 15 meses e aos 4 anos de idade. Na rotina, o SUS disponibiliza ainda o imunizante para gestantes, puérperas e profissionais da área da saúde com a dTpa.
Em Belo Horizonte, a prefeitura, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, reforçou, em caráter excepcional e temporário, a vacinação contra a coqueluche para grupos específicos. O imunizante dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto) que combate a difteria, tétano e coqueluche, será aplicado em profissionais da saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia, pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças de até 4 anos.