O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou, nesta segunda-feira (2), o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), pelas medidas restritivas contra o novo coronavírus. A fala de Bolsonaro a uma pessoa que já está morta repercutiu negativamente nas redes sociais. Covas morreu em 16 de maio deste ano, após enfrentar um câncer no sistema digestivo.
Antes de citar o ex-prefeito, o presidente falou a versão dele para a indicação de Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para o supremo. “Alguém sabe o que credenciou o Barroso a ir para o supremo? Ser advogado do terrorista Cesare Batisti, italiano”.
“Para o Barroso, ele não era um assassino, ele não destruiu quatro famílias, ele é uma pessoa decente, honesta. Como ele foi advogado, o PT gostou dele. Ele defende aborto, liberação de drogas. Defende um montão de coisa que não presta. Ele acha que é o máximo. Agora, ele tem os limites dele. Eu tenho os meus limites. Ele está abusando e não é de hoje”, afirmou.
Bolsonaro é a favor do voto impresso auditável para as eleições alegando que há fraudes nas urnas eletrônicas. Barroso defende o sistema vigente argumentando que as violações existiam quando o voto era de papel e sem o uso da tecnologia.
‘O que morreu’
Durante a conversa com apoiadores, Bolsonaro citou Bruno Covas e as medidas adotadas pelo ex-prefeito de São Paulo durante a pandemia. “Fecha São Paulo e vai para Miami”, se referindo ao governador João Doria (PSDB). “O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai ver Palmeiras e Santos no Maracanã. Esse é o exemplo”, disse o presidente.
O ex-prefeito Bruno Covas acompanhou a final da Copa Libertadores de 2020 com o filho. A ida do político foi criticada devido à pandemia de Covid-19 e as medidas restritivas adotadas na capital paulista. Pouco depois da morte do político, o assunto voltou a ser comentado, desta vez causando comoção em milhares de internautas ao perceberem que se tratava de um dos últimos passeios que Covas teria a oportunidade de fazer com o filho.
Quando as críticas surgiram, Bruno chegou a responder, alegando que aquilo era “hipocrisia generalizada”. “Se esse é o preço a pagar para passar algumas horas inesquecíveis com meu filho, pago com a consciência tranquila”, afirmou à época.
Bolsonaro criticado
Internautas repudiaram a citação do presidente a Bruno Covas. “Bolsonaro é muito canalha. Bruno Covas foi ao jogo sabendo que seria o último que assistiriam juntos [pai e filho]. Bruno sabia que não teria mais muito tempo. Usar isso para atacar alguém que já morreu é indigno”, escreveu uma mulher.
“O Covas simplesmente proporcionou ao filho um momento que ele nunca mais terá na vida”, “Julgar atos de quem não pode mais se defender é de uma covardia brutal”, “Esse sujeito é uma pessoa ruim. Que coisa lamentável”, escreveram outros usuários do Twitter.