Covid deixa mais de 12 mil crianças brasileiras de até 6 anos órfãs; psicóloga alerta sobre como proceder

criança andando
São Paulo é o estado com mais crianças órfãs pela Covid (Reprodução/TV Brasil)

A Covid-19 deixou ao menos 12.211 crianças de até seis anos órfãs de um dos pais no Brasil. O número é de um levantamento realizado pela Associação Nacional dos Registrados de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). Psicóloga entrevistada pelo BHAZ destaca a necessidade de conversar sobre o luto com os pequenos.

O levantamento da entidade, que representa os cartórios de registro civil, aponta que 223 pais morreram antes do nascimento dos filhos, enquanto 64 crianças, até os seis anos, perderam pai e mãe pelo novo coronavírus. Os bebês com menos de um ano foram os que mais perderam um dos responsáveis pela doença representando 25,6%.

O estado de São Paulo registrou mais mortes de pais de crianças de até seis anos: 3.836. Na sequência aparecem Goiás com 809, Rio de Janeiro com 774 e Paraná 753. O levantamento foi realizado por meio do cruzamento entre o CPF dos pais nos registros de nascimento e de óbitos feitos no Brasil desde 2015.

Luto

Abordar a morte com as crianças não é tarefa fácil, no entanto, necessária. A psicóloga Samantha Alves diz em entrevista ao BHAZ que é preciso ser verdadeiro com os pequenos. “A criança elabora o luto como qualquer outro ser humano. O que sabemos é não é recomendado mentir”.

A especialista exemplifica que o uso de expressões “foi morar no céu” e “foi embora” podem gerar traumas. “A criança pode se sentir abandonada. O ideal é ser transparente, por mais difícil que seja. Falar sobre a morte, o que ela significa e que a pessoa não vai mais voltar”, destaca.

Os principais sintomas do luto infantil, segundo Samantha, são irritabilidade, tristeza e falta de vontade de fazer as coisas. “Isso tudo é esperado, mas com o passar do tempo ela vai elaborar [o luto] e reconstruir a vida dentro das emoções e mesmo com a ausência”.

Acolhimento

Acolher as crianças é extremamente fundamental para auxiliá-las, no entanto, é preciso tomar um cuidado. “Os adultos não podem tentar suprir a ausência da pessoa que partiu fazendo, por exemplo, o papel do pai e mãe, pois este lugar nunca será substituído”, alerta Samantha.

Diante da partida do familiar, o recomendado é “criar novas lembranças” e trabalhar com as escolas. “Novos rituais precisam ser feitos e sempre trabalhar em conjunto com a escola, pois ela será o indicador de que a criança está tendo ou não prejuízo na aprendizagem”, finaliza.

Edição: Vitor Fernandes
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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