Efeitos colaterais das vacinas da Covid: Veja tudo o que você precisa saber

vacina
Dúvidas sobre as vacinas têm confundido brasileiros e podem prejudicar imunização (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Assim como qualquer outro medicamento, as vacinas contra a Covid-19 podem provocar efeitos colaterais. Isso não diminui, no entanto, a importância da imunização, já que as vacinas são amplamente testadas e as que já foram aprovadas não representam nenhum risco, apenas alguns sintomas geralmente leves e moderados. Por isso, para evitar que o medo dos efeitos colaterais impeça a proteção, é importante esclarecer todas as dúvidas e desmentir as informações incorretas que atrapalham a todos.

Para começar, é importante entender que os efeitos colaterais vão variar de acordo com o indivíduo. Você já deve ter conhecido pessoas que não costumam ter dor de cabeça ou têm pouca febre, ao passo que outras têm febres altas ou sentem muita dor de cabeça. Isso porque as reações dependem da condição do organismo e do sistema imunológico.

Idade influencia nos efeitos colaterais das vacinas

Além da influência dos organismos na absorção das substâncias, há ainda alguns fatores que estão fora do controle dos indivíduos e ajudam a determinar o impacto dos efeitos colaterais. Um deles é a idade. Enquanto bebês e crianças estão mais expostos, a população adulta pode apresentar efeitos colaterais mais brandos.

Isso acontece porque, nos mais novos, o sistema imune ainda não é tão desenvolvido, é menos maduro e reativo. O mesmo acontece entre os idosos, que respondem aos estímulos externos com menos vigor e podem acabar sentindo um impacto maior.

Já as pessoas adultas têm o sistema imune completamente maduro e apto a responder com intensidade aos estímulos. Na prática, isso significa que elas são propensas a sentir menos os efeitos de quaisquer substâncias de imunizantes, não só o da Covid-19.

Mesmo assim, vale lembrar que não há uma regra. Flávio Guimarães, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), virologista do CT-Vacinas e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, alerta: “Há uma variedade entre os indivíduos”.

Reações mais comuns de cada vacina

Além das características individuais, os fatores externos também alteram o cenário. Entre eles, o mais influente talvez sejam as propriedades de cada imunizante, já que as tecnologias utilizadas na produção de cada um leva a reações diferentes.

Em entrevista ao Saúde com Ciência no início deste mês, Flávio Guimarães falou sobre as três vacinas cuja aplicação é autorizada no Brasil – Coronavac, AstraZeneca e Pfizer – e as especificidades de cada uma.

AstraZeneca

A vacina de Oxford/AstraZeneca, da Fiocruz, é feita com vetor viral vivo que não tem capacidade de se multiplicar no hospedeiro. Isso significa que, quando uma pessoa é imunizada, o vetor viral entra nas células e se comporta como vírus vivo, causa uma infecção.

Nesse processo, no entanto, o vetor viral não completa o ciclo viral e, portanto, ele é considerado não replicativo. Ao entrar nas células e provocar uma infecção viral, ele expressa as proteínas que são dele, um adenovírus, e um gene recombinante que codifica a proteínas do Sars–CoV-2. Como ele se comporta como uma infecção viral, o imunizante acaba provocando no organismo uma resposta semelhante – como se a pessoa tivesse se infectado.

“São sintomas adversos mais comuns e que incluem aqueles semelhantes a um quadro infeccioso viral, que vem com dor no corpo, muitas vezes com dor de cabeça, é comum vir acompanhado de febre, dor no local da aplicação, tudo isso acompanhado de uma reação inflamatória”, explica o especialista.

Duração

Como o vírus não é replicante e não completa a infecção, a vacina causa uma única infecção, que tem distribuição limitada, ou seja, que não se espalha no corpo inteiro, e tem tempo para acabar. “Normal é um dia, dois dias, três dias o máximo. 99,99% não deve sentir mais nada depois de três dias”, indica Flávio.

‘Trombose’

Casos raros de coágulos sanguíneos relacionados à vacina AstraZeneca foram relatados primeiramente na Europa, em países nórdicos, e posteriormente em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomendou que não seja mais aplicada em gestantes, por esse grupo ter maior risco de trombose.

Na última semana, a EMA (Agência Europeia de Medicamentos) desaconselhou a segunda dose para pessoas que tiveram coágulos sanguíneos com contagem baixa de plaquetas depois de receber a primeira. Porém, a agência continua reforçando que os benefícios em geral superam quaisquer riscos.

O professor e virologista Flávio da Fonseca explica que ainda não há confirmação de relação causal das pessoas que tomaram essa vacina e tiveram efeitos trombóticos. Ainda são necessários mais estudos para confirmar com muita certeza essa relação.

“Mas mesmo com a relação causal estabelecida, ainda são consideradas extremamente raras. É preciso balizar o risco de tomar a vacina, como todos os efeitos adversos que ela pode causar ou não, e o risco de não tomar”, argumenta. Leia a bula da AstraZeneca aqui.

Coronavac

Para entender os possíveis efeitos colaterais da vacina Coronavac, do Butantan, também é preciso compreender como ela age no organismo. Essa é uma vacina inativa, de vírus morto. Quando esse vírus é inserido no organismo, ela não é recebida como desafio e o corpo não vai responder. “Uma vacina de vírus morto em uma solução tampão, por exemplo, é muito pouco imunogênico”, explica Fonseca.

Para que a vacina de vírus morto seja imunogênica, é adicionado um elemento em sua composição chamado de adjuvante. Cada vacina tem adjuvantes diferentes, com duas funções básicas: de estimular o sistema imunológico para que ele fique “acordado” e, assim, enxergar a proteína do vírus morto como um antígeno para responder com mais intensidade, e a capacidade de causar uma liberação lenta daquele antígeno nos tecidos.

“Alguns adjuvantes são oleosos e vão soltando de tempos em tempos um pouquinho de proteína ali, para prolongar o estímulo antigênico depois que a pessoa levou a injeção. Isso também acaba causando um acordar, um estímulo mais prolongado do sistema imunológico, aumentando a resposta imune”, completa o professor e virologista Flávio da Fonseca.

De acordo com ele, com os componentes inflamatórios da vacina, seja pela extensão do tempo que o antígeno é liberado no organismo ou pela presença de substâncias que são naturalmente inflamatórias, as reações são semelhantes a uma inflamação no local.

“Então pode ficar dolorido ali no local que você levou injeção, pode ficar mais vermelho, que são sintomas de inflamação, e a pessoa pode ter até uma febrezinha. Dependendo do estímulo pode induzir nos centros de febre mas é bastante passageiro, pois é bem menos reativo que uma vacina de vírus vivo. Para ter uma ideia, a AstraZeneca não tem uma adjuvante, não precisa”, explica.

A bula da Coronavac pode ser acessada aqui.

Pfizer

No caso da vacina da Pfizer/BioNTech, ela é feita com uma molécula de RNA mensageiro que entra na célula e esta passa a produzir a proteína do Sars-CoV-2. Essa molécula é misturada com vesículas de gordura compostas por lipídeos, que protegem o RNA mensageiro para que seja entregue às células adequadas e estimule os sistemas imunológicos. Com isso, ela atua tanto como um tipo de adjuvante quanto como uma capa protetora.

Por causa da natureza desses lipídeos, os possíveis efeitos colaterais da Pfizer são semelhantes às das vacinas de vírus não vivo. “Consequentemente, provocando uma dor local e uma febrícula mais rara que a Coronavac. São sintomas mais passageiros que uma vacina viva, então, em cerca de 24 horas a pessoa não sente mais nada”, esclarece o professor. A bula da Pfizer pode ser lida aqui.

O que fazer?

Fonseca reforça que esses efeitos adversos brandos são comuns e não representam nenhum risco. “Não existe vacina ou medicamento sem nenhum efeito adverso associado. Uma aspirina que você tomar pode ter um efeito adverso dependendo do grupo que faz parte ou do seu organismo”, observa.

Para esses efeitos colaterais mais brandos, analgésicos comuns, como dipirona, ajudam a reduzir a dor e febre. De acordo com Flávio Guimarães da Fonseca, o uso de paracetamol deve ser evitado.

Reação alérgicas a um dos componentes da vacina também podem acontecer em pessoas mais susceptíveis. Nesses casos, o apoio do médico é essencial para determinar o que deve fazer.

O que evitar?

Fonseca reforça que esses efeitos adversos brandos são comuns e não representam nenhum risco. “Não existe vacina ou medicamento sem nenhum efeito adverso associado. Uma aspirina que você tomar pode ter um efeito adverso dependo do grupo que faz parte ou do seu organismo”, observa.

Para esses efeitos colaterais mais brandos, analgésicos comuns como dipirona ajudam a reduzir a dor e febre. De acordo com Flávio Guimarães da Fonseca, o uso de paracetamol deve ser evitado.

Reação alérgicas a um dos componentes da vacina também podem acontecer em pessoas mais susceptíveis. Nesses casos, o apoio do médico é essencial para determinar o que deve fazer.

Informações importantes

Na hora de se vacinar, o uso de qualquer medicamento deve ser informado, pois pode causar alterações no sistema imunológico. Mas é importante frisar que não são todos os medicamentos que vão interferir. Os indicados para pessoas com diabetes, por exemplo, não causam interferência.

Sintomas de gripes, resfriados ou suspeita de covid-19 também devem ser informados. Nesses casos, a pessoa deve esperar de 15 a 30 dias para poder se vacinar. A regra vale também para a segunda dose.

“Se a pessoa tomou a primeira dose e no meio teve Covid ou alguma gripe, ela deve aguardar, mesmo que acabe ultrapassando o tempo da dose. É melhor esperar e te uma resposta adequada do que ir lá e não fazer o feito adequado”, adverte.

Com UFMG

Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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