Covid-19: Governo monta leitos, mas admite dificuldade com equipes para operar estruturas

leito UTI Minas
Governo conseguiu ampliar número de leitos em Minas, no entanto, falta de equipes médicas acende sinal de alerta (Gil Leonardi / Imprensa MG)

Mesmo com a abertura de leitos de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) para internação de pessoas diagnosticadas com Covid-19, o Governo de Minas já se preocupa com a falta de equipe médica para colocar as estruturas em atividade. Enquanto isso, o Estado ultrapassou a marca de 60 mil infectados pelo vírus nesta terça (7) e se aproxima de 1,3 mil mortes.

De acordo com a SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde), desde o início da pandemia, o Governo conseguiu ampliar em mais de 1,2 mil a capacidade de leitos de UTI em todo o Estado, passando de 2.072 vagas em fevereiro para 3.351 leitos registrados atualmente.

Em entrevista coletiva nesta terça, o chefe de gabinete da Secretaria de Saúde de Minas Gerais, João Pinho, reconheceu a dificuldade para encontrar profissionais da saúde e que isso, em breve, pode ser um problema. “Equipe é um gargalo que todo o Brasil está passando”, afirmou

“De fato vamos ter em algumas regiões, a necessidade de RH, ou seja, e recursos humanos e médicos, para fazer com que todos os leitos montados sejam plenamente operacionais”, disse João Pinho.

O chefe de gabinete destacou que Minas conseguiu driblar a dificuldade de conseguir respiradores no mercado e saiu na frente de outros Estados. “Nós tivemos estados com gargalos mais significativos em termos com equipamento, por não terem conseguido comprar respiradores ou terem demorado muito para que esses equipamentos chegassem. No nosso caso, tivemos sucesso na aquisição muito representativa e contamos com a boa vontade dos fornecedores de conseguiram antecipar esse cronograma, e já estamos distribuindo respiradores”, ressaltou Pinho.

‘Não é tão simples’

No entanto, de acordo com especialista ouvido pelo BHAZ, a montagem do leito feita pelo Estado não significa que ele esteja em operação. Segundo o gestor de Saúde Pública Marcelo Lopes Ribeiro, que já atuou na Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), em alguns hospitais sobram equipamentos e faltam profissionais.

“Montar um leito não é simplesmente colocar uma cama bonita com a parte do oxigênio na parede e uma mesa ao lado. Isso não é leito de UTI. Leito de UTI precisa ter ventilador, monitor multiparâmetro, bomba de fusão e outros equipamentos difíceis de achar no mercado neste momento. Fora a equipe com enfermeiros, médicos, nutricionista, fisioterapeuta, técnico em enfermagem, fonoaudiólogo etc. Isso é um leito de UTI”, afirma Marcelo Lopes.

Marcelo acrescenta que parte dos leitos do governo não são operacionais ainda. “O Estado não pode dizer que aumentou o número de leitos enquanto as pessoas estão aguardando nas UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) lotadas. Aí soltam que aumentaram o número de vagas sem ter essa estrutura. Falaram que criaram leitos no Júlia Kubitschek e no Eduardo de Menezes. ‘Criei 30 leitos’, diz o governo. Mas criar é uma coisa, operacionalizar é outra história”, pontua o especialista.

Soluções

O chefe de gabinete adiantou que a secretaria já pensa em soluções para o problema. “No caso do Estado, temos lançado mão de editais de chamamento via Fhemig, e temos aumentado quantitativo de médico. Mas, é possível que no futuro a gente tenha essa restrição [de profissionais de saúde]”, disse. “Vai chegar uma hora que no Brasil inteiro teremos essas limitações”, acrescentou.

Contudo, João Pinho afirmou que existem ainda 500 respiradores disponíveis para distribuição e que as regiões do Estado já sinalizaram que tem equipe suficiente para abrir esses leitos. “Quando chegar o momento da limitação dos recursos humanos, a gente avalia medidas adicionais para gente lançar mão. Enquanto isso, nós estamos antecipando medidas necessárias, buscando profissionais em cadastros do Estado e bancos de reserva, e vamos lidando com informações da forma que a gente pode”, concluiu.

Entrega de respiradores

Na última sexta-feira (3), o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), entregou 28 novos respiradores para Belo Horizonte, destinados ao atendimento de pacientes da Covid-19 na capital.

Do total, 18 foram destinados para a Santa Casa e 10 para o Hospital da Baleia. O governo garantiu ainda que, nesta semana, 12 aparelhos seriam entregues ao Hospital Eduardo de Menezes.

Já nesta terça, Zema foi a Betim, na região metropolitana de BH, onde visitou o Cecovid-Betim 4 (Centro de Cuidados Intensivos para Covid-19) e entregou 30 novos leitos para o tratamento do coronavírus na macrorregião Centro.

“Desde o início da pandemia em Minas Gerais, o meu governo, junto com várias prefeituras, tem trabalhado no sentido de fortalecer o sistema de Saúde do estado. E o que nós estamos vendo aqui hoje é exatamente mais um passo neste sentido, nos preparando para que não falte atendimento a nenhum mineiro. Até o momento, os óbitos que tivemos em Minas foram devidos ao paciente não resistir ao vírus, e não pela falta de atendimento”, declarou Zema.

Números da Covid

Nesta terça, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES-MG, o Estado registrou 52 mortes em decorrência da Covid-19 e 1.271 novos infectados em apenas 24h. Veja o que mudou:

  • 60.897 casos confirmados (aumento de 2,1%)
  • 1.282 mortes (aumento de 4,2%)
  • 21.061 casos em acompanhamento (queda de 1,5%)
  • 38.554 casos recuperados (aumento de 4,2%).

Reforce a proteção contra o vírus

A SES-MG orienta que a população tome algumas medidas de higiene respiratória para evitar a propagação da doença, são elas:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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