A queda de braço entre o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ganhou um novo capítulo neste domingo (17), após a aprovação do uso emergencial das vacinas contra o novo coronavírus. Pazuello acusa o político paulista de “desprezar a lealdade federativa” e fazer “jogada de marketing”. Já Doria acusa o governo federal por realizar o “golpe de morte”.
A fúria de Pazuello se explica, pois, logo após a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ter dado o aval para o uso emergencial da vacina Coronavac, uma enfermeira foi imunizada. Mônica Calazans foi a escolhida para receber a primeira dose do imunizante no país. “Quebrar essa pactuação é desprezar a igualdade entre os estados e entre todos os brasileiros construída ao longo da nossa história”, disse o ministro.
Pazuello ainda pediu, aos demais governadores, que “não permitam que movimentos políticos eleitoreiros se aproveitem da vacinação”. O Ministério da Saúde defende o início da imunização de forma simultânea, mas o estado de São Paulo já começou, visto que tem um planejamento próprio.
#AoVivo: Coletiva de Imprensa do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello https://t.co/SFfJiWPIFK
— Carlos Jordy (@carlosjordy) January 17, 2021
‘Golpes de mortes’
Durante coletiva de imprensa, João Doria foi questionada sobre as falas de Pazuello de que ele estaria fazendo “jogada de marketing” com a Coronavac. O governador de São Paulo não poupou críticas ao ministro da Saúde e ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Sobre golpe de marketing, o governo federal faz golpes de mortes há 11 meses contra brasileiros, com negacionismo, cloroquina, falta de agulha, orientação e frases lamentáveis”.
O governador lembrou frases ditas por Bolsonaro durante a pandemia que, segundo ele, foi um “golpe na vida, na saúde e índole dos brasileiros mais simples e modestos”. “São Paulo continuará a fazer o que lhe cabe, destinando vacinas que caberão ao ministério da Saúde. A vacina do Butantan é a do Brasil, é a única que temos no país porque São Paulo fez”.
?? João Dória diz que a vacina do Butantan não foi feita pelo Ministério da Saúde, por Eduardo Pazuello ou Jair Messias Bolsonaro. “Foram cientistas do Instituto Butantan”, lembra.
— Eleições EUA (@EleicoesEUA) January 17, 2021
Dória também diz que “o golpe de morte é o que dá Jair Bolsonaro e a incompetência do seu governo” pic.twitter.com/8CDpx6NMiS
“Não foi o ministério da Saúde, não foi o ministro Pazuello, não foi Jair Messias Bolsonaro, foram cientistas do Butantan. O golpe de morte é o que dá Jair Bolsonaro e a incompetência do seu governo”, afirmou. Lia Porto, Procuradora Geral de São Paulo, destacou que “do ponto de vista legal” o estado não descumpriu nenhuma lei por já ter aplicado doses da Coronavac.
Doria finalizou dizendo que “hoje é o Dia V”. “Dia da vacina, da verdade e da vida”.