Prestes a entrar no júri sobre a morte do motorista de reboque Anderson Cândido Melo, a viúva da vítima diz estar aliviada com a chegada do julgamento. A sessão começou nesta terça-feira (27), em Belo Horizonte, quase dois anos após o assassinato.
“É uma sensação de alívio porque demorou, mas graças a Deus chegou. Essa dor vai ser um pouco amenizada, mas ela não vai passar, porque sabemos que o meu esposo foi morto covardemente”, declarou Maria Regina de Jesus.
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O advogado Fernando Magalhães, que defende Rafael de Souza, mantém o posicionamento apresentado ainda em julho de 2022, alegando que o réu agiu em legítima defesa. “Estamos em busca da Justiça. De estabelecer pontos essenciais que deixaram de ser explorados por uma ausência de completude da perícia na reprodução simulada”, apontou. “Lógico que lamentamos a morte do Anderson. Ninguém queria este fim”, complementou.
Do outro lado, o advogado Raphael Nobre, assistente de acusação que representa a família da vítima, questiona a versão da defesa. “Nós queremos demonstrar aos jurados o que aconteceu. Um assassinato sangue frio por um motivo extremamente fútil, que foi uma briga de trânsito. O delegado alega que houve uma fechada no trânsito, mas não existe prova disso nos altos”, declarou.
Relembre o caso
Delegado da Polícia Civil de Minas Gerais, Rafael de Souza Horácio será julgado por atirar e matar Anderson Cândido de Melo em 26 de julho de 2022, em Belo Horizonte. Os dois teriam se envolvido em uma briga de trânsito na avenida do Contorno, sentido Barro Preto.
De acordo com a ocorrência, por volta das 14h30, o delegado Rafael Horácio teria ligado para o Denarc (Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico) e informado sobre o ocorrido.
Quando os policiais civis chegaram ao local, a Polícia Militar estava prestando socorro a Anderson Cândido de Melo, encaminhado ao Hospital João XXIII. Ele não resistiu aos ferimentos.
Na época, Rafael contou que estava dirigindo quando a vítima teria “fechado” sua viatura, que não estava caracterizada, duas vezes. Depois, o motorista de reboque teria jogado o veículo contra a traseira da viatura, ainda segundo o relato do delegado.
O policial contou que saiu do carro e usou do que chamou de “o único meio que possuía para cessar a iminente agressão”, atirando em direção ao centro do para-brisa do caminhão, e atingindo Anderson Cândido. A vítima, de 48 anos, chegou vivo ao hospital e passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Família segue cobrando justiça
Ainda em novembro de 2022, na primeira audiência do processo, Maria Regina de Jesus, esposa de Anderson, falou ao BHAZ sobre o caso. Ela defendeu que o delegado pague por matar um pai de família.
“Eu quero ver a justiça ser feita. Ele matou não foi bandido, foi uma pessoa que trazia o sustento para a família. Sei que nada que fizer hoje vai trazer meu marido de volta, mas pelo menos eu vou ver a justiça ser feita”, disse à época.
“Não passamos fome porque os amigos estão ajudando a gente, mas é muita indignação, porque a gente não precisava estar passando por isso. Nós éramos muito felizes, ele acabou com uma família, ele destruiu uma família”.
Na manhã desta terça-feira (27), Maria Regina voltou a comentar as dificuldades financeiras enfrentadas após a morte do marido. “Ficamos mais de um ano dependendo das pessoas porque ele que era o pilar da casa. Eu costumo dizer que tudo foi um prédio lindo e maravilhoso construído e que, da noite pro dia, desabou em cima de nós”, revelou.
No primeiro ano após o assassinato, amigos e parentes fizeram uma “vaquinha” para ajudar a família a se manter. Ainda segundo a viúva, anualmente, a família recebe uma pensão determinada pela Justiça.