No time dos amigos do Clube da Esquina, Carlos Starling, agachado (direita), abaixo do Afonsinho (olhando pro chão), cuja rebeldia contra a CBD na época iniciou a discussão para o fim da Lei do Passe dos jogadores no Brasil. À esquerda, agachado, Gonzaguinha. O terceiro a partir dele, Fernando Brant. Este time ganhou do nosso, da AMCE por 2 a 0, na preliminar de Atlético x Cruzeiro no Mineirão em 1984.
Dos seis anos em que comandei a assessoria de imprensa da Prefeitura de Belo Horizonte tenho saudade das pessoas que conheci e convivi, da própria PBH, colegas jornalistas dos veículos daqui, do país e do mundo, e das incontáveis pessoas com quem tinha contato no dia a dia.
Uma delas é o médico Carlos Starling, dos mais respeitados infectologistas do mundo, que junto com os Drs. Estevão Urbano e Unaí Tupinambá, outras feras do assunto no país e no planeta, compôs o Comitê de Enfrentamento à Pandemia de COVID-19, que era presidido pelo Dr. Jackson Machado Pinto, que foi um dos melhores secretários de saúde que a PBH já teve em sua história.
Hoje quando se fala de Covid a gente quase não se recorda do tamanho da tragédia que vivemos e o pânico que tomou conta geral, quando pouco ou nada se sabia do sobre o problema.
Estes quatro médicos foram importantes demais no controle da Covid em Minas. Respaldados pela coragem e firmeza do então prefeito Alexandre Kalil, tomaram decisões difíceis de fechar comércio, escolas, estádios de futebol, academias, bares, restaurantes, controlar transportes públicos, criar normas, enfim… suportando pressões e ameaças de todos os lados.
Criaram um índice diário de casos confirmados da doença e depois de óbitos, que passou a ser mais aguardado pela imprensa que a cotação do dólar e preços de alimentos. Todo dia, no meio da tarde, emitíamos boletins, que eram comemorados ou lamentados pela população, principalmente por quem dependia de abrir e fechar as portas de seus comércios e outras atividades. Jornais, rádios e TVs passaram a ter comentaristas especializados em avaliar os índices diários da Covid-19.
Me impressionava o lado humano, a paciência e solidariedade destes médicos, que pacientemente atendiam a jornalistas e pessoas em geral, por mais repetitivas e absurdas que fossem as demandas, perguntas e questionamentos.
Tive o prazer de receber o convite para o livro O Tempo Sem Tempo, do Dr. Carlos Starling, pela Editora Autêntica, que será tema do Sempre Um Papo, tradicional projeto criado pelo grande jornalista Afonso Borges.
Nesta quarta-feira, 25, com direito a noite de autógrafos, a partir das 19h30, no Teatro José Aparecido de Oliveira, na biblioteca pública de Minas, na Praça da Liberdade.
Importante lembrar que o “Pavão”, apelido carinhoso de juventude do Dr. Carlos Starling, é também poeta, músico, ligado ao Clube da Esquina, e foi “projeto” de craque de futebol. No mundo da bola sua maior façanha nos gramados foi quase marcar um gol em mim, num jogo dos amigos do Clube da Esquina contra a Associação Mineira de Cronistas Esportivos – AMCE, na preliminar de um Atlético x Cruzeiro em 1984, conforme mostram essas fotos, que me foram presenteadas pelo próprio Dr. Starling e pelo Branco Brant.
No dormitório transformado em vestiário improvisado do antigo Mineirão, o saudoso Gonzaguinha, que morava na Pampulha, calça as chuteiras para o jogo. Morreu em acidente de carro no dia 29 de abril de 1991, numa rodovia do Paraná, quando bateu seu Monza numa camionete Ford 4000.
Exato momento em que eu tomava o segundo gol do time dos amigos do Clube da Esquina. Atenção para o detalhe da grama que era utilizada na maioria dos estádios brasileiros até os anos 1990, inimagináveis nos dias de hoje.
