Após pagar fiança de R$ 3 mil, argentino detido por racismo durante Corinthians x Boca Juniors é solto em SP

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Torcedor pagou fiança e foi liberado; possível multa ao Boca será pequena se comparada à premiação do torneio (Reprodução/Redes sociais)

Depois de ser detido por imitar macaco durante o jogo de ontem (26) entre Corinthians e Boca Juniors, na Neo Química Arena, o torcedor argentino Leonardo Ponzo pagou fiança de R$ 3 mil e foi liberado hoje de manhã (27) em delegacia de São Paulo. A informação foi confirmada por César Saad, delegado da Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva).

Segundo o policial, o argentino foi enquadrado no crime de injúria racial, o que abria margem para o pagamento de fiança. A pena para o crime é de um a três anos de prisão. Ponzo foi acompanhado por agentes do consulado argentino e já voltou de avião para o país.

O caso

Durante o jogo, o torcedor do time argentino foi visto imitando um macaco em direção à torcida do Corinthians, de maneira racista (vídeo abaixo). Com registros e provas do ato discriminatório (vídeos gravados por corintianos), a Polícia Militar deteve o homem no estádio, durante o intervalo do duelo da Libertadores.

Possível multa é 1% de premiação

O momento em que o argentino foi retirado das arquibancadas pela polícia foi filmado pela torcida do Corinthians no estádio. Porém, horas mais tarde, Leonardo Ponzo pagou uma fiança no valor de R$ 3 mil e foi liberado da delegacia. O clube também deve ser punido pelo ato, mas terá um prejuízo pequeno. Entenda:

Segundo o código 17 do Código Disciplinar das competições da Conmebol, caso os torcedores “insultem ou atentem contra a dignidade humana de outra pessoa ou grupo de pessoas, por motivos de cor de pele, raça, sexo, orientação sexual, etnia, idioma, credo e origem”, seus clubes pagarão multa de pelo menos 30 mil dólares (cerca de R$ 150 mil)

Apenas pela participação na fase de grupos da Libertadores, a Conmebol premia os clubes com 1 milhão de dólares por jogo como mandante, somando 3 milhões de dólares nesta fase. Então, caso o Boca sofra a punição, o time perderá apenas 1% de seu prêmio. O valor da sanção pode aumentar, a depender da avaliação da entidade.

Corinthians repudia

Após o caso, o time paulista repudiou a atitude do torcedor visitante por meio de comunicado oficial e informou a detenção feita pela polícia.

“O Corinthians repudia todo e qualquer ato de racismo e discriminação e agradece à Polícia Militar pela eficiência no apoio prestado. Esse fato só reforça a importância de nossa luta por um futebol sem ódio”, escreveu o clube.

Já o Boca Juniors ainda não se pronunciou sobre o caso. A partida de futebol foi vencida pelo Corinthians por 2 a 0, com dois gols de Maycon.

Racismo é crime

De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.

A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.

Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima. Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la.

Edição: Vitor Fernandes
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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