‘Vagabundo, ladrão’: Árbitro relata invasão e xingamentos de prefeito durante jogo no Piauí

prefeito jogo campo
Segundo a súmula, prefeito proferiu xingamentos ao juiz da partida (Divulgação/Prefeitura de Oeiras + Reprodução/Instagram/@oeirense_oficial)

A vitória do Fluminense-PI por 3 a 2 sobre o Oeirense, pelo Campeonato Piauiense, terminou em confusão envolvendo até o prefeito da cidade de Oeiras, onde foi realizada a partida, e alguns membros da diretoria do Oeirense. O político José Raimundo (Progressistas) proferiu ofensas à arbitragem e chamou o juiz Antônio Francisco Cordeiro de Paula de “vagabundo” e “ladrão”, conforme a súmula do jogo disponível no site da Federação de Futebol do Piauí.

Além disso, ainda segundo o documento, uma pessoa teria dado um soco nas costas do bandeirinha, houve escolta policial até a saída da cidade e o árbitro recebeu ameaças violentas por torcedores do time da casa.

Xingamentos do prefeito

“Após o término da partida, houve invasão do campo de jogo de torcedores e membros da diretoria da Associação Atlética Oeirense dirigindo-se até o local onde se encontrava o quarteto de arbitragem, provocando um tumulto, sendo necessária e de forma imediata a proteção da Polícia Militar”, escreveu o árbitro na súmula.

Ainda segundo o relato, Antônio foi ameaçado com palavras de baixo calão pelo presidente do clube e o prefeito de Oeiras. Entre as ofensas, o árbitro teria ouvido: “Cordeiro, isso que você fez aqui é uma vergonha, não precisava você rouba para time da capital não. Vagabundo e ladrão, vontade de te dar murro”.

“Também, o prefeito da cidade de Oeiras, senhor José Raimundo, que proferiu as seguintes ofensas: ‘Seu vagabundo, ladrão, respeita a cidade de Oeiras, vagabundo'”, escreveu o árbitro na súmula, citando o administrador da cidade.

Soco nas costas

Além dos xingamentos do presidente e do prefeito, o árbitro também relatou atos de violência sofridos pelo assistente. “Enquanto a equipe de arbitragem se deslocava ao vestiário, o senhor Jaílson, membro da Associação Atlética Oeirense, agrediu com um soco nas costas o assistente Rogério de Oliveira Braga”, registrou Antônio. 

“Também fui informado pelo analista de arbitragem, senhor Edmilson Timóteo, que quando estávamos no vestiário, três torcedores foram próximo à porta do vestiário e falaram que queriam pegar a equipe de arbitragem e o delegado da partida e dar uma surra”, frisou o juiz. Em função dessas ameaças, os árbitros foram escoltados pela PM em direção à saída do município.

Seção de ocorrências/observações assinaladas pelo árbitro Antônio Francisco Cordeiro de Paula (Reprodução/FFP)

‘Arbitragem mentiu demais’

Em entrevista ao ge, o presidente do Oeirense, Fabiano Pimentel, não falou sobre o prefeito, mas afirmou que as informações na súmula não procedem e que a partida teve sérios erros de arbitragem contra a equipe mandante. “Respeito todo mundo, não o chamei de vagabundo. O relato de três torcedores nos vestiários também é uma mentira, pois fica trancado”, disse.

“A equipe de arbitragem mentiu demais. Primeiro, não teve invasão de nenhum torcedor. Quem entrou foram membros da diretoria, seis membros da diretoria. Porém, não o chamei de vagabundo. Eu disse sim que ele veio com a intenção de prejudicar a nossa equipe. E disse mais: ‘Cordeiro, quando você deitar vai ver a besteira que você fez’. Ele não relatou isso”, alegou Fabiano.

O dirigente também criticou a arbitragem do campeonato estadual. “O problema é porque a nossa comissão de arbitragem tem que melhorar muito. Nossos árbitros precisam se qualificar. O presidente da comissão tem que punir a arbitragem, a arbitragem do Piauí não é punida. Ela vem, prejudica, vai embora e nós temos que acatar tudo. Ninguém pode falar nada”, protestou.

Nota de repúdio

O Oeirense divulgou uma nota de repúdio à arbitragem da partida na qual saiu derrotado. O clube não citou as invasões do prefeito e diretoria, mas classificou a atuação dos juízes como “ato desumano”.

Segundo o time, houve “lances visíveis e verídicos de faltas que os mesmo se omitiram e não marcaram, 2 pênaltis claros não marcados”, além de “uma falta não existente, que em seguida, acarretou no terceiro gol do Fluminense-PI em falta não autorizada pelo árbitro”.

“Mais uma vez, a arbitragem do Campeonato Piauiense favorece um clube da capital, prejudicando novamente um clube do interior”, criticou a equipe, que também exigiu medidas à “entidade organizadora da competição, para que os responsáveis sejam punidos”.

Edição: Giovanna Fávero
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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