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Pais de atletas do sub-15 do Athletic, de São João del-Rei, denunciam agressão contra jovens

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Sub-17 do Athletic estaria agredindo jogadores do sub-15 (Reprodução/Redes Sociais)

Pais dos jogadores de futebol do sub-15 do Athletic, de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais, denunciam agressões por parte dos atletas do sub-17 contra seus filhos. Segundo uma das mães, a maioria dos adolescentes do time tem sofrido torturas e ameaças por parte dos mais velhos, há cerca de dois meses.

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“Meu filho joga na base do sub-15, esses meninos vêm sofrendo ameaças e estavam apanhando há um bom tempo, só que eles não estavam falando nada porque os mais velhos do sub-17 estavam ameaçando, que se contasse ‘ia ver com eles'”, relata a mãe de um dos jogadores que sofria as agressões, ao BHAZ. Ela não quis ser identificada.

Imagens de mensagens trocadas entre os pais dos atletas do sub-15 a respeito das agressões circulam nas redes sociais. “Conversei com meu filho agora, machucaram o braço dele com uma serra”, disse um pai. “Imagina você perguntar para o seu filho ‘quem te batia?’, e ele responder que não dava para ver porque eles fechavam a porta do quarto, apagavam as luzes e batiam”, disse outro pai.

Socos e talco na boca

Os próprios jogadores gravaram alguns episódios de agressões. A reportagem teve acesso aos registros, que mostram um atleta sendo segurado pelos braços e ganhando socos de um outro jovem. Depois, o grupo encurrala outro colega, que é enforcado. Em um outro vídeo, é possível ver um dos jogadores jogando talco para pés na boca do mesmo menino que foi enforcado. Num último vídeo, um adolescente é visto sendo obrigado a beber o líquido de uma garrafa.

“Os meninos entravam dentro do quarto encapuzados, à noite. Era menino meia–noite com medo de dormir e não tinha segurança. Falaram, ‘ah porque o monitor estava lá tomando conta’, mas se tinham essas agressões porque o monitor não interviu?”, questiona a mãe.

Os pais só ficaram sabendo das agressões e ameaças recentemente, quando o diretor da base tomou conhecimento de um dos episódios e reuniu os atletas para conversar, na última quarta–feira (11). “O diretor falou que não ia mandar ninguém embora porque já estava no final do campeonato”, diz a responsável por uma das vítimas.

“Só que meu filho me contou sobre essa última agressão e me mandou as fotos, aí eu caí de cima e mandei para o grupo dos pais, que começaram a pesquisar com os filhos deles, e os filhos deles começaram a falar sobre as agressões”. Veja imagens de hematomas deixados por algumas agressões, segundo o grupo de responsáveis:

Clube não se comunica com os pais

Segundo a mãe, ela entrou em contato com os diretores do clube para receber um posicionamento, no entanto, ainda não obteve respostas. “Eles conversaram com os meninos na quinta–feira, chegaram a expulsar os agressores, mas ficou uma picuinha com o treinador do sub-17 em relação aos meninos do sub-15”.

Em nota ao BHAZ, o Athletic Club disse que “os incidentes citados foram casos pontuais e isolados”. “Assim que fomos informados dos fatos, realizamos uma investigação interna rápida e eficaz, seguindo todos os protocolos estabelecidos”, informaram em nota. Segundo o time, “os responsáveis foram identificados e desligados do clube”.

“Quanto à prevenção de situações como essa, podemos assegurar que contamos com uma estrutura adequada e que todos os nossos setores são supervisionados por profissionais competentes, desde portaria até monitores e seguranças”, afirmou o clube, acrescentando que possui “procedimentos claros e informativos” para casos de comportamentos inadequados (leia a nota na íntegra abaixo).

De acordo a mãe, ela planeja acionar o Ministério Público para fazer uma denúncia contra a escola. Em mensagens compartilhadas por ela com a reportagem, uma outra mãe, que é advogada, disse que pretende fazer uma notificação extrajudical para que o time receba os pais e conversem sobre o assunto.

“Não chamaram a gente para conversar, falaram que iam. Tudo ficou muito interno, não deram posicionamento para a gente”, reclama a mais velha. “Os meninos estão com medo, hoje meu filho está num jogo, mas amanhã eu tiro ele do clube”, afirma.

Ainda na nota, o Athletic informou que preza pela integridade física e emocional de todos os atletas e colaboradores, e que a equipe está comprometida com a transparência dos processos.

Nota do Athletic na íntegra

No Athletic Club, prezamos pela integridade física e emocional de todos os nossos atletas e colaboradores, e estamos comprometidos com a transparência em nossos processos.

Gostaríamos de reforçar que os incidentes citados foram casos pontuais e isolados. Assim que fomos informados dos fatos, realizamos uma investigação interna rápida e eficaz, seguindo todos os protocolos estabelecidos. 

Imediatamente após a conclusão da investigação, os responsáveis foram identificados e desligados do clube, em conformidade com nossos valores e princípios.

O Athletic Club oferece a seus atletas uma estrutura de alojamento de primeiro nível, garantindo que todos estejam em um ambiente seguro, acolhedor e devidamente supervisionado. Todos os nossos atletas recebem acompanhamento psicológico e social de forma contínua, e nossa equipe de psicologia realiza atendimentos semanais para garantir o bem-estar e o desenvolvimento emocional de cada jogador.

Nosso clube possui um suporte completo para nossos jovens atletas, contando com psicólgia, assistente social e outros profissionais qualificados. Trabalhamos continuamente para promover um ambiente saudável, não apenas oferecendo suporte imediato, mas também garantindo acolhimento e ressocialização quando necessário.

Quanto à prevenção de situações como essa, podemos assegurar que contamos com uma estrutura adequada e que todos os nossos setores são supervisionados por profissionais competentes, desde portaria até monitores e seguranças. Temos procedimentos claros e informativos sobre como proceder em caso de comportamentos inadequados, além de investirmos em ações educativas contínuas.

O Athletic Club segue comprometido em aprimorar suas metodologias de cuidado e supervisão, sempre respeitando os direitos humanos e promovendo o bem-estar de todos os envolvidos.

Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Andreza Miranda

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).
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