Contra o assédio: Botafogo terá setor exclusivo para mulheres no Engenhão em 2022

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Mulheres botafoguenses terão setor exclusivo em 2022, mas os demais também estarão disponíveis para elas (Vítor Silva/Botafogo)

A partir do ano que vem, o Botafogo contará com um setor específico para mulheres no Estádio Nilton Santos, também conhecido como Engenhão, no Rio de Janeiro. O diretor de negócios do clube, Lênin Franco, antecipou a informação ao portal Globo Esporte em entrevista divulgada ontem (19). A ação faz parte da parceria do clube carioca com o projeto “Empoderadas”, buscando conscientizar e promover o combate ao assédio e à violência contra as mulheres. O BHAZ conversou com Erica Paes, líder do projeto, que falou mais sobre a ação.

Parceria

Na conversa com o GE, Lênin Franco detalhou a colaboração feita entre o Botafogo e o projeto da Secretaria Estadual de Direitos Humanos chamado “Empoderadas”, liderado pela especialista em segurança feminina Erica Paes. “A gente vai ter um setor específico para mulheres, uma área exclusiva na arquibancada para 2022.”, disse Lênin.

A medida veio por causa de uma pauta urgente, de acordo com Erica Paes. “Implementamos esse espaço devido ao grande número de mulheres vítimas de importunação sexual, inclusive nesse ambientes. O assédio é a maior reclamação das mulheres por não se sentirem seguras nos estádios. Então, nada mais digno do que fornecer uma garantia para que elas tenham acesso a esse ambiente de forma respeitosa”, explica.

Em agosto, no Estádio Nilton Santos, ocorreu uma palestra do projeto “Empoderadas
(Vítor Silva/Botafogo/Divulgação)

Medida é para conscientizar

Para Erica, a medida pode ajudar no acesso a informações importantes acerca dos direitos das mulheres: “Acima de tudo, essa ação é sobre educação e conscientização sobre as leis, os direitos e os crimes contra as mulheres no pais”.

A especialista em segurança feminina ressalta que o estádio é um dos muitos lugares em que a mulher tem de se sentir protegida. “É preciso haver dignidade e segurança de ir e vir, não só de ir e torcer. Ir à padaria, comprar um pão e voltar viva, sem ser importunada, até morta. Todo o trabalho que fazemos é para oferecer mais possibilidades de dignidade para as mulheres”, completa.

‘Botão do pânico’

O diretor de negócios do Botafogo falou também sobre outra iniciativa que pode ocorrer no clube: “Uma outra experiência que a gente implementou no Bahia e podemos tentar aqui é que lá tinha um ‘botão do pânico’, que no app do clube a torcedora que se sentisse agredida ou ofendida poderia apertar esse botão. Ele iria para um WhatsApp em que ela sinalizava onde estava e um pelotão da tropa Maria da Penha iria no local”, contou Lênin ao GE.

Repercussão

Nas redes sociais, torcedores parabenizaram o time alvinegro pela iniciativa em um ambiente ainda tão machista como o futebol, mas também lamentaram que esse tipo de medida seja colocada em prática. Leia algumas opiniões:

Segundo Erica Paes, o ideal era não acontecer esse tipo de ação, mas esse dia ainda está longe de chegar. “O objetivo maior é que o respeito reine acima de tudo e todos, e que essa medida não seja mais necessária. O nosso grande sonho é não haver mais divisões”, finaliza.

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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