Em meio a julgamento por homofobia no STJD, Cruzeiro estampa bandeira LGBTQIAP+ em jogos

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O capitão do Cruzeiro usou uma braçadeira com a bandeira LGBT na partida de ontem (Reprodução/@cruzeiro + @staff_images/Twitter)

O Cruzeiro iniciou no jogo de ontem uma importante campanha de combate a LGBTfobia. Nos jogos em que o clube for mandante, a bandeira do arco-íris ficará estampada nos escanteios, e o capitão do time usará uma braçadeira com as cores da comunidade. Em meio aos atos, o time celeste enfrenta um julgamento, curiosamente, por homofobia no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

“Durante o mês de junho, fortalecendo o mês do orgulho LGBTQIAP+, as bandeirinhas de escanteio dos jogos com nosso mando, e também braçadeira do capitão, terão as cores do arco-íris”, informou o Cruzeiro logo antes do jogo no Twitter. Com golaços de Edu e Rafa Silva, o Cruzeiro controlou o jogo contra o CRB e somou a oitava vitória seguida na Série B.

O clube celeste vem engajado na causa LGBTQIAP+ nos últimos anos, fazendo campanhas de conscientização. Contudo, a torcida segue entoando cantos homofóbicos nas arquibancadas. No dia 8 de maio, torcedores celestes provocaram gremistas com canções LGBTfóbicas, em jogo no Independência. “Arerê, gaúcho dá o c* e fala tchê”, foi uma das músicas mais ouvidas durante a partida.

Com isso, a Raposa foi denunciada pelo Grêmio ao STJD. Nesta semana, o time azul conseguiu um acordo com a Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva para que o julgamento não ocorra e o time não perca pontos no campeonato, porém, o processo ainda depende de uma homologação do órgão.

Não foi a primeira vez…

Os cantos homofóbicos estão enraizados no futebol brasileiro. O BHAZ fez uma série de reportagens, em 2019, denunciando a prática. Tanto Cruzeiro quanto Atlético já entoaram músicas preconceituosas em relação à orientação sexual. No fim de 2019, o time alvinegro e outros sete foram acionados no STJD por conta das canções com teor homofóbico.

No dia 8 de setembro de 2019, o Cruzeiro também entoou o mesmo canto homofóbico, também contra o Grêmio, durante uma derrota para o time gaúcho. Na época, os dois clubes estavam na Série A. A ofensa, direcionada aos torcedores gremistas, surgiu no segundo tempo da partida. A infração ocorreu após a torcida celeste ter entoado um canto homofóbico no jogo contra o Vasco, poucos dias antes, e depois de um casal homossexual ser ameaçado em consequência de uma foto dos dois abraçados dentro do Mineirão viralizar.

“Cachorrada filha da p***, chupa r*** e dá o c*! Ei, Galo, vai tomar no c*”. Foi o que a torcida do Cruzeiro cantou no fim do primeiro jogo no Mineirão após determinação do STJD para punir atitudes homofóbicas no estádio, no dia 1º de setembro de 2019. Na ocasião, o time celeste venceu o Vasco por 1 a 0. O clube azul não sofreu nenhuma punição. Relembre o vídeo:

O que diz o STJD

A recomendação do STJD é que “os árbitros, auxiliares e delegados das partidas relatem na súmula e/ou documentos oficiais dos jogos a ocorrência de manifestações preconceituosas e de injúria em decorrência de orientação sexual por torcedores ou partícipes das competições, devendo os oficiais das partidas serem orientados da presente recomendação, bem como, cumpram todas as determinações regulamentares aplicáveis em vigor”.

Vale lembrar que orientação do STJD ocorreu após o STF (Supremo Tribunal Federal) criminalizar a homofobia em junho. Portanto, gritos homofóbicos podem não apenas prejudicar o clube – até com perda de ponto -, como, principalmente, é crime:

  • “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • a pena será de um a três anos, além de multa;
  • se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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