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Galo na Brasil Bowl fortalece tradição mineira no Futebol Americano e impulsiona sonho de jogadores do interior

28/11/2024 às 18h14
Galo Futebol Americano é referência no estado (Imagem: Mancini Fotografia)

Na disputa pela Brasil Bowl, final da Liga Brasileira de Futebol Americano, o Galo FA voa para o Recife, neste domingo (1º), com a missão de ampliar a liderança mineira no esporte. O título pode ser o terceiro do clube com o atual nome e o quarto, considerando a era Sada Cruzeiro Futebol Americano – feitos que colocam Minas com o maior número de vitórias na divisão principal. Para ser campeã, a equipe conta com atletas não apenas qualificados, mas com histórias inspiradoras e repletas de superação.

Para os jogadores que compõem o time, atuar pelo Galo Futebol Americano vai muito além da disputa: é uma oportunidade de realizar sonhos, conquistar visibilidade e, quem sabe, alcançar o sonho de atuar na Europa.

Para o ofensive guard Jefferson Maranhão Silva, de 32 anos, a vitória veio mesmo antes da partida contra o Recife Mariners. “Estou encarando o jogo como a maior oportunidade da minha vida. É a primeira vez que tenho a chance de chegar a uma final. É uma forma de coroar e honrar tudo que passei na minha vida até chegar aqui”, disse ao BHAZ.

Para chegar à posição de destaque, a jornada do atleta, conhecido como Maranhão, foi longa. Hoje ele vive do esporte, mas já trabalhou como segurança, eletricista, bombeiro hidráulico. Em 2016, assistindo ao filme Um Sonho Possível conheceu o futebol americano e viu que seria possível alcançar grandes conquistas.

A história narra a saga de um jovem negro, filho de mãe dependente química e sem onde morar, que encontra no Futebol Americano uma oportunidade de ascensão social.

“Um pouco depois um amigo meu me disse que tinha um time na minha cidade fazendo seleção para atuar em um time local. Eu me interessei e acabei entrando para a equipe”, relembra.

Na época, o jovem vivia em São Luís, no Maranhão. Apesar de ter sido selecionado para o time, a realidade era de equipe de várzea. “A gente tinha que pagar pelos uniformes, arcar com as viagens e todos os custos que tínhamos pra jogar”, se lembra.

Com empenho, Maranhão começou a chamar atenção no meio e, em 2019, recebeu um convite surpresa: defender a camisa de um time no Rio Grande do Sul. “Quando me ligaram, achei estranho e fiquei na dúvida porque eu nunca tinha visto alguém sair do meu estado, com tudo pago, para jogar futebol americano”, conta.

Desde então, o esportista começou a receber para jogar e passou a viver a rotina de um atleta profissional. “Ainda bem que tive coragem de aceitar o convite. A minha vida mudou completamente. Hoje eu conheço quase todos os estados brasileiros. Só faltam três para completar a lista. Eu também tive a oportunidade de conhecer pessoas que eu não teria na minha cidade-natal”, celebra.

Depois de uma temporada no Sul do país, Maranhão jogou no Mato Grosso e, neste ano, veio um novo convite que aproximou o atleta ainda mais de outros sonhos, agora sim possíveis para ele. 

“Eu cheguei a jogar contra o Galo Futebol Americano na temporada passada. O convite para atuar no time abriu pra mim a oportunidade de ser campeão nacional, que é a minha prioridade no momento. É um time muito forte e com chances de ganhar”, detalha.

Para se dedicar ao time, Maranhão deixou a cidade da família dele e atualmente vive em uma casa que abriga cerca de 15 atletas do clube mineiro vindos de outros estados. A lista é longa. O clube, que atualmente conta com o patrocínio da Plusdin, tem jogadores de diferentes regiões do país.

“Estar aqui também é uma oportunidade de me aproximar do meu sonho de jogar na Europa. O Galo Futebol Americano é um time com grande visibilidade. Inclusive, já vi colegas saindo daqui para atuar em outros países.

Sonhos inimagináveis

Outro jogador que vive na casa é o linebacker André Vilela, de 22 anos. O jogador, que é natural de Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, pratica Futebol Americano há oito anos e, apesar da pouca idade, já passou por vários times, como o Divinópolis Black Bulls, Betim Bulldogs (atual Cruzeiro FA), Nova Serrana Forgeds e Ribeirão Preto Weilers. No Galo FA, o atleta passou a fazer parte da equipe em julho do ano passado.

“Sempre gostei muito de esportes, porque a minha família, no geral, está muito envolvida. A minha mãe era nadadora e jogava muito vôlei, assim como a minha avó, e meu avô também era nadador e corria maratonas. Então, durante a minha infância, eu costumava a praticar vôlei e jogar futsal”, contou André, que também é estudante de Educação Física, ao BHAZ.

Apesar do envolvimento com o mundo esportivo, André afirmou que não imaginava que chegaria tão longe no Futebol Americano. Devido ao esporte, ele conseguiu visitar e morar em estados diferentes, conhecer novas culturas, além de, claro, conquistar o título da Liga Brasileira de 2023 pelo Galo.

“Eu consegui realizar coisas que nunca imaginei. Este ano, fui até Manaus e Rondonópolis, lugares que, se não fosse pelo Futebol Americano, não teria conhecido. Também morei em São Paulo, o que foi uma experiência cultural bem diferente, e, agora, em BH, que também distingue de Divinópolis. Mas, mais do que isso, o Futebol Americano me proporcionou saúde”, explicou.

O atleta, no entanto, ressalta que o esporte trouxe alguns aspectos negativos, como lesões e a distância da família. Afinal, ainda que a cidade natal dele esteja a cerca de 120 KM de Belo Horizonte, devido aos compromissos com o time, as visitas são inviabilizadas.

“Esse ano só consegui ir até os meus familiares três vezes, porque treinamos frequentemente e também viajamos. Eu também estudo e dou aulas de Futebol Americano para crianças durante a semana, aí fica complicado”, afirmou André, que é professor do “Jogador do Futuro”, projeto social do Galo em parceria com a Gasmig e o Governo Federal.

Por isso, para ele, conquistar novamente o título neste domingo (1º) é fazer com que todo esforço, não apenas dele, mas de todo o time, faça valer a pena. “Ser atleta não é fácil. Tem gente que acha que sim, mas não é. Precisamos seguir muitas regras e esforçar o corpo, coisas que somente quem joga consegue entender. Então, vencer esse título será muito satisfatório, pois eu me dediquei muito para isso, o Maranhão, mesmo, veio de longe para ganhar esse campeonato, assim como muitos jogadores. Sofremos muito para chegar nessa final e vamos mostrar que somos os melhores”, ressalta.

Brasil Bowl 2024

Data: 1º de dezembro de 2024
Local: Arena de Pernambuco (Avenida Deus é Fiel, 1 – Penedo, São Lourenço da Mata – PE)
Horário: 15h
Ingressos: www.recifemariners.com.br
Transmissão: www.youtube.com/@LigaBFA

Pablo Nascimento

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Ana Magalhães

Email: [email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foi estagiária do Jornal Estado de Minas e do programa Agenda da Rede Minas de Televisão. Estagiária do BHAZ desde agosto de 2024.

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