Hamilton agradece apoio, cobra mais ações e desabafa: ‘Tenho sido alvo de racismo e narrativas arcaicas’

lewis hamilton piloto
O piloto criticou novamente “mentalidades arcaicas” que ainda são encontradas no esporte (Reprodução/Instagram/@lewishamilton)

O piloto britânico Lewis Hamilton agradeceu publicamente o apoio que recebeu de fãs, amigos e organizações esportivas após a repercussão de uma fala racista do ex-piloto Nelson Piquet contra ele. “Eu tenho sido alvo de racismo, narrativas negativas e arcaicas e tons de discriminação”, disse Hamilton durante entrevista coletiva sobre o Grande Prêmio de Silverstone, na Inglaterra.

Caso vença o GP deste domingo (3), o britânico alcançará nove vitórias em uma mesma pista, o que estabeleceria um novo recorde. Atualmente, ele compartilha com Schumacher o número de oito triunfos.

‘Direção diferente’

Quando perguntado sobre o assunto, Lewis agradeceu o apoio recebido e lembrou de uma manifestação antirracista feita por alguns esportistas da F1 em 2020. “Sou incrivelmente grato a todos aqueles que apoiaram o esporte, principalmente os pilotos. Já se passaram dois anos desde que nos ajoelhamos na Áustria. Claro que ainda enfrentamos os desafios”, afirmou Hamilton.

O britânico criticou ainda o espaço que preconceituosas ainda alcançam: “Não sei por que continuamos a dar uma plataforma a essas pessoas mais velhas. Eles estão falando sobre o esporte, mas estamos procurando ir em uma direção diferente. É a imagem maior. Agora é uma reação imediata de empresas de todo o mundo”.

‘É sobre ação’

Em relação ao posicionamento de Fórmula 1, Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e Mercedes, que saíram em defesa do britânico, ele pediu ainda mais ações vindas dessas influentes instituições.

“Provavelmente todos eles já têm um roteiro pronto para esse gerenciamento de crise. Não é suficiente. Agora é sobre ação. Essas vozes antigas concordam subconscientemente ou conscientemente que pessoas como eu deveriam estar no esporte. Precisamos mais do que nunca unir as pessoas. Não ajudam os comentários que estamos vendo dessas pessoas”, afirmou.

Entenda o caso

Lewis Hamilton, heptacampeão de Fórmula 1, usou as redes sociais na manhã de anteontem (28) para rebater um comentário racista de Nelson Piquet. O brasileiro chamou o britânico de “neguinho” durante uma entrevista e, em resposta, o inglês disse que “essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte”. A FIA, a Fórmula 1 e Mercedes também repudiaram o comentário de Piquet.

A declaração racista foi dada em 2021, quando Piquet comentou um acidente que envolveu Hamilton e Max Verstappen. No entanto, o vídeo só viralizou nesta semana. “O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e deixou porque não tinha jeito de passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele é que só o outro [Verstappen] se f*deu”, disse Piquet em entrevista ao canal Motorsports Talk. Confira mais detalhes aqui.

Piquet se desculpa

Um dia após a repercussão internacional de uma declaração do ex-piloto Nelson Piquet com um termo racista sobre o piloto Lewis Hamilton, o brasileiro se desculpou publicamente com o britânico. Alegando que sua a palavra “neguinho” passou por uma “tradução errada”, o piloto disse que o termo não é racista no Brasil.

“O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e foi nunca teve a intenção de ofender”, diz trecho da nota (leia mais aqui).

“Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”, conclui.

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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