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Intersexo x trans: entenda polêmica envolvendo gênero da boxeadora Imane Khelif

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boxeadora intersexo
Boxeadora intersexo foi alvo de falsas informações sobre seu gênero (Reprodução/@imane_khelif_10/Instagram)

A boxeadora argelina Imane Khelif tem sido alvo de informações falsas por ser uma pessoa intersexo. A atleta venceu a italiana Angela Carini, nessa quinta-feira (1°), nas Olimpíadas de Paris, após desistência da lutadora. Nas redes sociais, internautas levantaram a falsa informação de que Angela teria desistido por Imane ser trans.

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A luta entre a argelina e a italiana durou 46 segundos. Imane golpeou Angela no rosto nos 30 primeiros segundos da luta e Carini decidiu deixar o ringue. À BBC Sport, a boxeadora Angela Carini explicou que abandonou a luta para proteger sua integridade devido ao golpe.

A atleta declarou que não se sentiu capaz de terminar a luta pois sentiu uma forte dor no nariz e, por isso, decidiu respeitar seus limites. O embate reavivou uma grande discussão sobre a presença de Imane nas categorias femininas das Olimpíadas. Internautas alegaram que a boxeadora seria uma pessoa trans.

Boxeadora é intersexo

Na verdade, Imane é uma pessoa intersexo, pois nasceu com órgãos genitais femininos, mas tem cromossomos sexuais XY (determinantes do sexo masculino). Com isso, a atleta tem níveis de testosterona no sangue compatíveis ao corpo masculino. No entanto, ela se identifica como mulher.

De acordo com a Abrai, (Associação Brasileira de Intersexos), o termo “intersexo” é usado para designar pessoas que têm características sexuais congênitas e não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos femininos ou masculinos. Pessoas com essa condição podem sofrer estigma e discriminação.

Já uma pessoa trans, segundo a plataforma Transcendemos, é um sujeito que não se identifica com o gênero ao qual foi designado em seu nascimento (homem ou mulher, de acordo com o órgão genital). Uma mulher trans, por exemplo, foi designada como homem ao nascer, mas se entende como uma figura feminina.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) condenou a “guerra cultural” travada contra Imane Khelif e Lin Yu-ting, outra atleta alvo de críticas em relação ao gênero. No Campeonato Mundial de 2023, as duas haviam sido desqualificadas por “não cumprirem” regras de elegibilidade da IBA (Associação Internacional de Boxe).

O Comitê defendeu que as duas boxeadoras cumprem todos os requisitos legais para participarem dos jogos olímpicos. “Vimos em relatórios informações enganosas sobre duas atletas femininas que competem nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. A atual agressão contra essas duas atletas é baseada inteiramente em uma decisão arbitrária”, disse o comitê.

Em entrevista coletiva, o porta–voz do COI, Mark Adams declarou que Imane nasceu mulher, foi registrada como mulher, boxeou como uma mulher e é uma mulher em seu passaporte. “Cientificamente, não se trata de um homem lutando contra uma mulher”, defendeu o porta–voz.

Andreza Miranda

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).
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