‘Princesinha Dourada’: Conheça o 1º lutador de MMA em atividade a se declarar gay

Washington tem 29 anos e sonha disputar lutas em grandes eventos de MMA (Reprodução/Instagram@wds_dourado)

O lutador Washington Duarte Souza é o primeiro atleta brasileiro em atividade no MMA a se declarar gay. Também chamado carinhosamente pelo apelido “Princesinha Dourada” pelos moradores de Laranjal do Jari, cidade em que nasceu, no Amapá, Washington teve sua história contada pelo “Fantástico”, da TV Globo.

Na reportagem divulgada ontem (24), o atleta de 29 anos compartilhou sua história de vida e a trajetória profissional em um esporte ainda bastante preconceituoso. De forma emocionante, ele contou à mãe sobre a orientação sexual pela primeira vez.

Carreira e sonho

Com sete lutas oficiais na carreira, ele possui cinco vitórias e duas derrotas. Washington também disse que já lutou mais de 30 duelos desde que se tornou atleta. Por enquanto, ele participou apenas de eventos no estado-natal, o Amapá. “Meu sonho é lutar em grandes eventos e ter uma oportunidade que até hoje não tive. Acredito em mim mesmo e tenho potencial para isso. O único (gay) assumido (no MMA) está sendo eu”.

Levantando a bandeira da luta contra a homofobia, ele pretende incentivar outros lutadores a se declararem homossexuais em público. “Sei que tem mais pessoas, só que elas têm medo do preconceito, do que as pessoas vão falar. Elas têm medo da reação de muitas partes da academia. (Peço para) aparecerem e dizerem seus nomes, baterem no peito. Estou aqui, também vim fazer parte, vim somar e quero que eles tenham essa coragem. Mostrar para as pessoas que a gente pode ir além daquilo que tentam limitar a gente”, convocou.

Preconceito

Nascido em Laranjal do Jari, com pouco mais de 50 mil habitantes, Washington afirmou à reportagem que sempre foi tratado com respeito pelos companheiros de academia, e que a homossexualidade sempre foi um elemento natural em sua vida. No município, o lutador é visto com potencial para alçar grandes voos na carreira. Ele também já enfrentou situações de preconceito.

“Primeira parte de preconceito que tive dentro do MMA foi um rapaz de uma cidade vizinha. Ele falou pro meu professor de jiu-jítsu que, se ele perdesse pra mim, ele iria embora da cidade. Eu ganhei a luta no primeiro round, nocauteei o menino e ele saiu da cidade”, lembrou o lutador, também chamado de Dourado.

Conversa com a mãe

Durante a produção da reportagem em Laranjal do Jari, Washington decidiu contar à mãe Maria de Fátima pela primeira vez sobre sua homossexualidade, e pediu para o momento ser gravado. “Nunca cheguei com ela pra conversar. Ela já ouviu me chamarem de Princesinha, Douradinho, mas nunca ouviu de mim mesmo. Sinto que é o momento para dizer para ela. Não sei como a minha mãe vai reagir”, revelou, com nervosismo.

Diante da reação amorosa e compreensiva da mãe, que afirmou já saber da orientação sexual do filho desde a infância, Washington ficou aliviado. “Fico grata de tudo que você vive, que está sobrevivendo, está vencendo e que Deus lhe dê força e você vença em tudo na sua vida”, disse Maria de Fátima.

Maria de Fátima e o filho Washington se abraçaram após a conversa (Reprodução/TV Globo)

‘Cheguei chegando’

O lutador de MMA costuma entrar nos ringues de lutas com um roupão personalizado colorido, ao som da música “Cheguei”, de Ludmilla. Segundo ele, o público costuma aplaudir e incentivar bastante.

“É uma vibração muito grande porque as pessoas gritam. A emoção é muito grande, as pessoas me chamando, gritando meu nome. ‘Vai, Princesinha Dourada!’. E logo na entrada, tem a música da Ludmilla: ‘Cheguei, cheguei chegando bagunçando a zorra toda…'”.

A esperança que fica é que Washington cresça ainda mais na carreira e continue sendo aplaudido e respeitado, encorajando cada vez mais fãs e atletas a lutarem contra o preconceito no esporte e na vida.

Edição: Roberth Costa
Beatriz Kalil Othero[email protected]

Jornalista formada pela UFMG, escreve para o BHAZ desde 2020, e atualmente, é redatora e fotógrafa do Portal. Participou de reportagens premiadas pela CDL/BH em 2021 e 2022, e pela Rede de Rádios Universitárias do Brasil em 2020.

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