O compositor brasileiro Milton Nascimento foi a Los Angeles, nos Estados Unidos, para disputar uma categoria no Grammy 2025 nesse domingo (2), mas não se sentou na mesa do salão principal, onde ficam indicados e convidados da Academia de Gravação. Segundo a contrabaixista e jazzista Esperanza Spalding, com quem Milton divide o álbum ‘Milton + esperanza’ (2024), indicado ao maior prêmio da indústria fonográfica, o brasileiro teve uma cadeira recusada pela organização.
A denúncia de Spalding veio através de post no Instagram. “Então, foi recusado a Milton um lugar nas mesas para a cerimônia deste ano. Isso não me agradou”, escreveu a musicista, na tradução para o português. “Estou brava por essa lenda viva não ter sido considerada importante o suficiente para sentar entre os ‘Lista A’, ou seja lá como as mesas no andar principal estão organizadas”.
Apesar da situação, a presença de Milton foi honrada através da companheira de álbum, que levou um cartaz com a foto do brasileiro e o escrito: “Essa lenda viva deveria estar sentada aqui!”.
Na noite dessa segunda-feira (3), horas após a repercussão da denúncia de Spalding, o brasileiro foi às redes sociais prestar esclarecimento sobre o caso. Segundo Milton, um dias antes da cerimônia, ao observar os convites para a celebração, foi constatado que a Academia o destinou para a arquibancada do salão, e não o salão principal, onde ficaram indicados ao prêmio, incluindo Esperanza, com quem o artista divide o álbum de releituras. Nas palavras do compositor, a decisão da organização desconsidera “não só toda a sua trajetória e prestígio em todo o mundo, como a sua idade avançada e impossibilidade de subir ou descer escadas”.
“Quando questionados [a Academia] pela equipe de Esperanza, alegaram que ficariam nas mesas apenas os artistas que eles queriam no vídeo. Tendo em vista a carreira vitoriosa, o reconhecimento e o respeito conquistado pelo genial artista brasileiro, optamos pela ausência dele na cerimônia principal”, escreveu a equipe de Milton. O artista aproveitou para agradecer o apoio do público, que, tão logo soube da exclusão do compositor na cerimônia, invadiu as redes sociais da Academia de Gravação em forma de protesto.
Parceria inédita
Com o disco ‘Milton + esperanza’, o compositor brasileiro e a musicista estadunidense concorreram ao Grammy pelo Melhor Álbum Vocal de Jazz. O prêmio, no entanto, ficou com outra americana, Samara Joy, pelo trabalho ‘A Joyful Holiday’. Samara já havia batido a brasileira Anitta como artista revelação na cerimônia de 2023.
Além deles, a disputa envolveu os discos ‘Journey in Black’, de Christie Dashiell, ‘Wildflowers Vol. 1’, de Kurt Elling e Sullivan Fortner, e ‘My Ideal’, de Catherine Russell e Sean Mason. Ainda pelo Instagram, Spalding celebrou a vitória de Samara Joy.
Em 1998, Milton Nascimento venceu o Grammy na categoria Melhor Álbum de World Music pelo disco ‘Nascimento’ (1997).